22 de jun. de 2009

Esteira Residencial, aprenda a usar efetivamente

Psicóloga do esporte dá dicas para evitar que você desista de fazer exercícios físicos em casa antes mesmo de ver os primeiros resultados

Tempo ruim para ir ao parque, medo da violência para caminhar na vizinhança, falta de tempo para ir à academia. Tudo isso pode afastar uma pessoa de uma atividade física. Uma boa alternativa é comprar um aparelho de ginástica, como uma esteira, por exemplo, para praticar exercícios sem sair de casa.

Todo ano, nos Estados Unidos, as pessoas gastam cerca de US$ 4 bilhões em equipamentos de ginástica, segundo estudo da revista americana Consumer Reports. O mesmo levantamento mostra, porém, que quase a metade das pessoas que compram esses aparelhos acaba usando bem menos do que esperava. Será que é tão difícil manter uma rotina de exercícios em casa? Por que alguns conseguem e outros não?

Para a psicóloga do esporte, Christiane Sonomura, é preciso saber, antes de comprar uma esteira, qual será o objetivo do uso do aparelho e se, realmente, a caminhada ou a corrida são atividades que lhe trarão prazer. "Correr requer força muscular. Tem pessoas que correm um dia e se sentem cansadas e doloridas. Isso faz com que elas desistam do exercício antes mesmo de se adaptar a ele".

Foi o que aconteceu com o contador Ari Santana, de 35 anos. Há cinco, ele comprou um esteira, e, durante todo esse tempo, utilizou-a três ou quatro vezes. Seu objetivo inicial era perder de peso, mas ele acabou abandonando o exercício. "Levei a esteira para a casa da minha sogra. Estava ocupando espaço no meu apartamento", diz. Hoje, ele joga futebol com os amigos toda semana.

O mais recomendado, realmente, é buscar uma atividade que se adapte ao seu ritmo e ao seu gosto. A hidroginástica, por exemplo, pode ser menos "pesada" que uma corrida na esteira. Além disso, a pessoa estará em uma atividade coletiva e em contato com um instrutor que a incentive.

Christiane explica que, de fato, fazer exercícios em casa é mais difícil que na academia, onde você tem a orientação e o incentivo de um profissional e o exemplo de outras pessoas que estão conseguindo resultados com a malhação. Além disso, o ambiente em casa nem sempre é favorável à prática de exercícios. "Enquanto você está na esteira, tem alguém comendo algo perto de você ou dizendo que seu esforço está sendo inútil", diz.

É preciso, também, ter cuidado com as propagandas desses produtos de ginástica. Muitas delas vendem a ideia de que quem tem um corpo perfeito é uma pessoa mais feliz, que tem vários amigos, que namora. "Sabemos que isso não é verdade. Uma esteira em casa não vai dar esse status todo", diz Christiane. Para ela, mais importante do que almejar um corpo perfeito é ter a consciência de que você está incorporando uma atividade física - e saudável - na sua vida.

O segredo para não transformar o aparelho de ginástica em cabide de roupas, segundo Christiane, é saber controlar a ansiedade em relação aos resultados e ter consciência de que, com a ajuda dele, você irá adquirir hábitos mais saudáveis e ter os exercícios físicos como parte de sua rotina. A maneira mais fácil de se afastar das frustrações é fugir de metas absurdas. "Nosso corpo tem uma resposta ao exercício muito mais lenta do que nossa vontade", afirma.

Você pode se exercitar em casa?

A prática correta de exercícios pode reduzir em 30% o risco de enfarte e acidentes vasculares cerebrais e contribuir para o controle de doenças como a hipertensão, o diabetes e a obesidade. Para o coordenador do Setor de Reabilitação Cardiopulmonar do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, Carlos Hossri, praticá-los em casa é uma alternativa totalmente recomendável do posto de vista médico desde que uma avaliação clínica certifique que a pessoa está apta para a atividade.

Cada pessoa tem uma faixa ideal para trabalhar seu condicionamento físico. Para descobrir, por exemplo, a frequência cardíaca máxima durante uma atividade física, é preciso fazer um teste ergométrico e, depois, seguir as orientações de um cardiologista. "Cada pessoa tem uma resposta cardíaca diferente. O teste avalia o paciente antes, durante e depois da atividade", diz Hossri.

Por isso, utilizar a conhecida fórmula para o cálculo dos batimentos máximos (220 menos a idade) não é o mais indicado. "Ela serve como um parâmetro geral, até dentro da ergometria, mas não é fixa", afirma o cardiologista.

Segundo Hossri, em um teste ergométrico podem ser identificadas doenças como arritmias cardíacas, obstruções coronárias (isquemia miocárdica silenciosa) e deficiências na elevação da frequência cardíaca. "Tem pessoas que têm um defeito no marcapasso natural do coração, que não consegue elevar a frequência cardíaca, mesmo praticando esporte. Isso pode ser confundido com bom condicionamento físico, mas não é", afirma.

Para ter uma esteira em casa...


:: Tenha em mente que você irá introduzir uma rotina de exercícios em sua vida.


:: Correr ou caminhar realmente é seu exercício preferido?


:: Não estabeleça metas absurdas (perder cinco quilos em uma semana, por exemplo). Isso é um caminho para a frustração.


:: Controle a ansiedade com relação aos resultados. Nosso corpo não tem a mesma velocidade que nossos desejos.


:: Avalie se realmente você tem espaço para ter o aparelho em sua casa.


:: Tente criar uma ambiente favorável para a prática de exercícios. Não adianta nada ter uma torcida (família) contra a sua iniciativa.


:: Antes de começar a praticar qualquer exercício, procure um médico para fazer uma avaliação. O teste ergométrico é o mais indicado.

por DANILO CASALETTI

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