30 de jan. de 2010

Dieta e exercício físico reduzem igualmente os riscos cardiovasculares

Sem efeito cumulativo

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Para se proteger das doenças cardiovasculares, o que é melhor: exercício físico ou dieta?

Tanto faz. A conclusão é de um estudo feito em modelos animais nas faculdades de Medicina e Educação Física, ambas da Universidade de São Paulo (USP).

E mais: o trabalho indicou que a associação das duas abordagens não medicamentosas não resulta em benefício adicional na função cardíaca.

Ou seja, segundo o estudo, escolha a dieta ou o exercício e você ficará bem - mas não adianta fazer os dois, porque os ganhos não são cumulativos.

Obesidade crônica

A explicação dos pesquisadores para isso é que cada uma das intervenções isoladamente já é suficiente para evitar que a obesidade crônica provoque a disfunção cardíaca.

De acordo com Carlos Eduardo Negrão, do Instituto do Coração (InCor), as alterações cardíacas decorrentes da obesidade podem ser evitadas "se a restrição alimentar ou o exercício físico forem utilizados como conduta não medicamentosa para interromper o processo de obesidade crônica", disse.

Mecanismos moleculares

Além de avaliar os efeitos do treinamento físico e da restrição alimentar na função cardíaca, um dos objetivos do estudo foi tentar esclarecer o papel dessas intervenções nos mecanismos moleculares envolvidos nas alterações cardíacas causadas pela obesidade.

"O estudo acrescenta conhecimentos importantes sobre o papel do exercício e da restrição calórica nos mecanismos moleculares associados à função cardíaca na obesidade", disse Negrão.

O experimento

Na pesquisa, ratos wistar machos foram alimentados com dieta normocalórica (quantidade normal de calorias) ou hipercalórica (rica em gordura e açúcar) durante 25 semanas. Após esse período, os animais alimentados com a dieta hipercalórica foram subdivididos em quatro grupos e acompanhados por mais dez semanas.

No primeiro grupo, os ratos continuaram recebendo a dieta hipercalórica e foram mantidos sem treinamento físico. No segundo, continuaram com dieta hipercalórica e foram treinados. No terceiro, deixaram de receber essa dieta para serem submetidos à restrição alimentar (menos 20% da ingestão diária). No quarto grupo, os ratos foram submetidos ao treinamento físico e à restrição alimentar.

"Após a vigésima quinta semana, os animais submetidos à dieta hipercalórica não apresentavam alterações na função cardíaca, embora já apresentassem substancial ganho de peso", explicou Ellena.

"Após mais dez semanas de alimentação rica em gordura e mais ganho de peso corporal, eles apresentaram alteração na força de contração do coração e nas proteínas moleculares envolvidas nessa função. Isso foi evitado nos animais submetidos ao exercício físico ou à restrição alimentar", contou.

Metabolismo das gorduras

Outro resultado importante sobre o papel do exercício e da restrição alimentar alcançado no trabalho está relacionado ao metabolismo de lípides. "A restrição alimentar em associação com o exercício físico diminuiu significativamente a esteatose e a hipertrigliciridemia em animais obesos", disse Ellena.

Mas se por um lado a associação da restrição alimentar e do exercício físico não mostrou efeito cumulativo nos parâmetros cardíacos, por outro lado essas duas intervenções associadas diminuíram a quantidade de gordura estocada no fígado de animais obesos (esteatose hepática) e, também, os níveis de triglicérides plasmático.

"Embora a restrição alimentar isoladamente diminua a quantidade de gordura acumulada no fígado, ela aumentou a concentração de triglicérides plasmático, o que sugere um aumento na resistência hepática à insulina. Esses são achados importantes. Sabe-se que a esteatose, triglicérides aumentados e a resistência à insulina elevam o risco de doença cardiovascular", destacou Ellena.

Segundo a pesquisadora, o trabalho permite concluir que a restrição calórica e a prática de exercício devem ser recomendadas para a prevenção de alterações cardíacas e metabólicas causadas pela obesidade.

por Alex Sander Alcântara

27 de jan. de 2010

Dificuldades familiares podem causar obesidade no homem

Dificuldades emocionais

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Dificuldades emocionais para lidar com as responsabilidades familiares e os problemas que surgem na vida podem ser um fator de aumento de peso e surgimento da obesidade entre homens, demonstra uma pesquisa do Instituto de Psicologia (IP) da USP.

O trabalho também demonstra a importância de se entender os fatores clínicos e psicológicos que levam à obesidade masculina e de um trabalho de prevenção ligado a atenção para questões afetivas desde a infância.

Esqueceram dos homens

A psicóloga Simone Conejo, autora da pesquisa, aponta que o estudo surgiu devido a escassez de material bibliográfico direcionado ao gênero masculino no que apoiassem as reflexões necessárias no atendimento psicológico de pacientes com obesidade mórbida.

"Há muitos estudos sobre mulheres, crianças, adolescentes e grupos mistos, mas nada voltado especificamente para o homem", conta ela.

Os participantes do trabalho forneceram dados para aplicação de uma escala que avalia a adaptação da pessoa nos campos afetivo-relacional, produtivo, sociocultural e orgânico, com uma classificação em termos de adaptação eficaz e ineficaz.

Responsabilidades na vida adulta

De acordo com a psicóloga, o aumento da responsabilidade na vida adulta configurou-se como um ponto de convergência entre questões da masculinidade e da obesidade.

"Há uma dificuldade em lidar com as expectativas, que ainda aparece ligada ao papel idealizado do homem como provedor da família", ressalta. "Muitos homens têm dificuldades em se comunicar, falar com os outros e até consigo mesmo, sentindo-se sem apoio para lidar com as dificuldades da vida".

A pesquisadora aponta que a dificuldade de comunicação acontece também nas relações familiares. "Isso é marcado por uma sensação de estar só, de afastamento e dificuldade de lidar com emoções", afirma. "Assim, quanto mais a responsabilidade é percebida como um fardo, sem uma estrutura interior capaz de lidar com essa mudança, mais aumenta a tendência de obesidade".

Emoções masculinas


A pesquisa mostrou que não existe uma relação direta entre obesidade e o fato de o homem ter-se casado.

"Alguns participantes da pesquisa só ganharam peso muito depois do casamento, ou depois da ruptura de relacionamentos importantes", explica Simone. "Existem fatores no campo emocional que interferem de modo muito mais significativo no aumento de peso e no surgimento da obesidade".

Entre os pacientes apenas com sobrepeso, a pesquisa mostrou que os homens se relacionavam melhor com as próprias emoções, e apresentavam uma psicodinâmica onde a função paterna era mais presente. "São pessoas que sabem lidar melhor com a angústia, a frustração e as dificuldades, sem usarem a comida como compensação", destaca a psicóloga.

A obesidade foi mais presente entre pacientes que apresentavam um histórico de doenças associadas a dificuldades emocionais. "Estar atento às necessidades afetivas durante o desenvolvimento infantil pode funcionar como fator de prevenção da obesidade e de melhoria de qualidade de vida".

Procura-se homens gordos

Simone conta que uma das grandes dificuldades da pesquisa foi encontrar homens dispostos a falar voluntariamente sobre obesidade. "No início, tentaram-se contatos com os pacientes tratados em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no interior de São Paulo, mas apenas as mulheres se mostravam interessadas em participar", diz.

Apenas dois homens aceitaram fazer uma entrevista espontânea. "Os demais se esquivaram, muitos por preconceito com o trabalho do psicólogo, e queriam apenas seguir o tratamento com medicamentos". O trabalho foi orientado pela professora Kayoko Yamamoto, do IP.

Depois de publicar anúncios em jornais, sem obter retorno, a psicóloga só conseguiu encontrar pessoas suficientes para realizar o estudo em uma indústria que já fazia ações relacionadas ao controle e a prevenção de obesidade com seus funcionários. "O modo com que os homens são socializados leva-os a tratar a saúde de uma forma diferente da população em geral", aponta Simone. "Assim, as campanhas de prevenção precisam se adequar aos diferenciais dessa população masculina para serem eficazes".

por Júlio Bernardes - Agência USP

25 de jan. de 2010

Alerta para os perigos de lesões em academias

Início de ano é tempo de novas promessas, projetos e realizações. Para aqueles que não fazem ou pararam qualquer tipo de atividade física e pretendem iniciar o ano praticando exercícios são necessários cuidados específicos com ossos, articulações e ligamentos, para que essas atividades não causem problemas à saúde. Caminhadas, prática de esportes e principalmente academias de ginásticas são as atividades mais procuradas para manter a forma e perder peso, porém são constantes as lesões em joelhos, ombros e coluna, devido à sobrecarga dos exercícios. A maioria deles executados sem a devida orientação.

De acordo com o ortopedista e coordenador do Instituto do Joelho do HCor - Hospital do Coração, Dr. Rene Abdalla é comum nessa época as pessoas se queixarem de dores no corpo. "A ânsia de ter um corpo saudável a qualquer custo, e em um período de tempo reduzido, prejudica e muito a saúde. No HCor são atendidos aproximadamente 20 pacientes por semana com queixa de lesões causadas por exercícios mal praticados", explica Dr. Abdalla.

Além dos exercícios praticados na academia, o aluno tem que se atentar a outros itens, presentes no dia a dia, que ajudam com o aumento de lesões. "É importante o esportista se preocupar com a postura durante o dia. No caso das mulheres também com o constante uso do salto alto", explica o ortopedista.

Tipos de traumas mais comuns

As lesões mais comuns que acometem os esportistas de academia se dão nos joelhos, colunas e ombros. São elas:

- Tendinite patelar;

- Tendinite de aquiles;

- Inflamações articulares;

- Estiramentos musculares;

- Lombalgia, dores nas costas devido a posição errada

Todos ocasionados por excesso ou exercícios realizados de maneira inadequada.

Para prevenir lesões

É fundamental, antes de iniciar qualquer atividade física, procurar um médico ou um profissional com vivência em traumas do esporte, para receber orientação ideal para cada tipo físico e não exagerar nos exercícios. É importante também iniciar os exercícios de forma gradativa.

"O corpo não está acostumado com exercícios bruscos, pois é uma grande mudança, sem um período adequado para readaptação. Por isso o esportista tem de ficar atento com a série de exercícios praticados na academia e procurar uma que melhor se ajuste as suas necessidades, de forma que não agrida o sistema músculo-esquelético", enfatiza o Dr. Abdalla.

Ainda segundo o ortopedista, ao primeiro sinal de dor, pare os exercícios. Se a dor persistir mesmo em repouso, o médico deverá ser procurado e apenas um especialista fará a avaliação adequada podendo o paciente passar um tratamento específico de acordo com a situação.

Dr. Abdalla, que realiza mais de 600 cirurgias de joelho por ano, sugere algumas dicas para quem quer começar a prática da atividade física:

- Procurar um especialista e pedir orientação para a prática do exercício físico;

- Antes dos exercícios alongar os músculos do corpo para evitar lesões musculares;

- Em esportes envolvendo corridas, escolha um par de tênis adequado, pois devem proteger primordialmente os membros inferiores dos impactos e repetições de movimentos;

- Dê preferência a roupas com tecidos que permitam uma transpiração mais livre (dry-fit).

Centro de Ortopedia e Reabilitação no Esporte

Considerado um dos mais importantes centros nacionais da especialidade, o Centro de Medicina Esportiva do HCor reúne uma equipe altamente especializada com os mais modernos recursos tecnológicos para dar assistência a todas as patologias ortopédicas.

20 de jan. de 2010

Nova moda de negócio envolve trocar os quilos eliminados na dieta por dinheiro

Vale Quanto Pesa

A mais nova moda no reino do emagrecimento é trocar os quilos eliminados na dieta por dinheiro

Dieta líquida, do abacaxi, da lua, do ovo cozido, do tipo sanguíneo...Quando se pensa que toda a criatividade já foi gasta para elaborar fórmulas mágicas de emagrecimento, eis que os Estados Unidos, a meca dos regimes bizarros, surge com mais uma novidade. A dieta da moda agora por lá tem uma lógica simples, mas pouco ortodoxa: quanto mais enxuta a silhueta, mais gorda a conta bancária. Ou seja, trocam-se quilos eliminados por dinheiro.

Dois sites prometem ajudar com recompensas financeiras os 72 milhões de gordos que lutam contra a balança nos EUA – um terço da população americana. O Healthy Wage oferece prêmios em dinheiro (em média US$ 1 mil ou R$ 1.761) a quem conseguir atingir o índice de massa corporal (IMC) 25, considerado saudável. Mas é preciso pagar taxa de US$ 300 (R$ 528,30) para participar. Entre os serviços disponíveis estão recursos como diário alimentar online e estratégias para perda de peso. O usuário deve seguir algumas regras e reportar semanalmente os resultados. Além disso, é obrigatório ter um médico particular que entre em contato com o site no começo e no fim do programa. Seguindo o mesmo princípio, Dean Karlan, professor de economia, Ian Ayres, professor de direito, e Jordan Goldberg, estudante de administração da Universidade de Yale, criaram o site StickK, que já conta com dez mil participantes. A ideia é semelhante, pois o internauta assume um compromisso que prevê “multa” se a meta for descumprida. O usuário escolhe um destinatário, que pode ser um amigo ou uma instituição de caridade, para receber o valor combinado, caso o objetivo não seja atingido.

De acordo com Karlan, a eficácia é baseada em dois princípios da economia comportamental: as pessoas nem sempre cumprem aquilo a que se propõem e incentivos concretos podem fazer com que se consiga realizar as metas. Embora essa metodologia seja capaz de alcançar resultados, ela não ajuda a mantê-los – caso de todas as dietas da moda. “É como a noiva que quer perder peso para ficar bonita no dia do casamento”, compara o médico endocrinologista Marcio Mancini, responsável pelo ambulatório de obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

A cartilha de emagrecimento da maior parte dos nutricionistas foca mais no estilo de vida do que nos objetivos de curto prazo. “O dinheiro serve como uma mola propulsora, mas não muda hábitos”, critica Joana D’Arc Pereira Mura, presidente do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional. Ainda assim, a tese de que o dinheiro pode emagrecer encontra apoio em um estudo do “Journal of the American Medical Association”. A ideia de Kevin Volpp, professor da Universidade de Wharton (EUA), era analisar os fatores de incentivo da economia comportamental que poderiam ajudar na dieta. Ele dividiu os participantes do estudo em dois grupos com sistemas diferentes de recompensa, além de um terceiro de controle. O primeiro receberia valores definidos por um sistema de loteria, se conseguisse eliminar peso. No outro, os participantes fizeram um depósito, que perderiam se não conseguissem emagrecer. O grupo que mais eliminou quilos foi o do depósito: 6,35 quilos, em média. Os que participaram da loteria, mandaram embora 5,9 quilos, em média. A perda de peso do grupo sem recompensas financeiras foi de 1,8 quilo ao longo das 16 semanas do estudo. Mas, depois do programa de retorno financeiro, os participantes voltaram a engordar.

É o mesmo dilema que aflige boa parte dos participantes de reality shows de perda de peso, que começaram com o “The Biggest Loser”, em 2004, nos EUA. Os participantes, obesos, ficam confinados numa casa e ganha quem eliminar mais gordurinhas. No Brasil, a franquia foi comprada pelo SBT e estreou em 2005, sob o título de “O Grande Perdedor”.

TUDO PARA ENXUGAR

Métodos não convencionais, como campanhas públicas e recompensas em dinheiro, ajudam a afinar a silhueta.



A vencedora foi a operadora de telemarketing Andréia Dutra, 37 anos, que começou o reality pesando 108 quilos. Ao fim da temporada, trocou 29 quilos por R$ 300 mil. “Dinheiro motiva, mas havia muitas outras coisas”, afirma Andréia, para quem o próprio fato de estar participando do programa e ter tempo para se dedicar exclusivamente à perda de peso fez diferença. Ao sair da casa, ela se casou com o ator Marcello Braccesi, 39 anos, que também participou do programa. Ele começou com 196 quilos e hoje está com 80 a menos. Braccesi achou motivação para continuar perdendo peso nos resultados que alcançava com dieta e academia. “Voltei a treinar jiu-jítsu e já ganhei 13 medalhas”, conta. Andréia, apesar de ter conseguido manter o peso nos dois primeiros anos, ganhou 30 quilos de volta. “A mudança gerou ansiedade”, diz ela, que já se matriculou na academia e pretende emagrecer de novo. Dessa vez de forma sustentável.

por Verônica Mambrini

18 de jan. de 2010

Assistir à TV em excesso aumenta risco de morte, diz estudo

Passar mais de quatro horas diante da televisão poderia aumentar em 80% o risco de doenças cardiovasculares

SYDNEY - Passar mais de quatro horas por dia em frente à televisão aumenta o risco de sofrer doenças cardiovasculares e inclusive o de morrer, revela um estudo divulgado nesta terça-feira, 12, pela imprensa australiana. Segundo os pesquisadores, a probabilidade de sofrer doenças cardiovasculares quem passa mais de 240 minutos por dia diante da televisão é 80% superior e a de morrer aumenta 46%.

Concretamente, cada hora em frente a uma televisão representa um risco de morte 11% maior, de acordo com a pesquisa realizada com 8.800 pessoas e publicada na publicação científica "Circulation: Journal of the American Heart Association".

O cientista David Dunstan, do Baker IDI Heart and Diabetes Institute, na cidade australiana de Melbourne, afirmou que o problema é causado pela falta de mobilidade que impede que o organismo processe de maneira adequada açúcares e gorduras. Não importa que se façam exercícios diários, o dano vem do tempo prolongado que se passa sentado diante de uma tela, segundo Dunstan.

As 8.800 pessoas pesquisadas, entre 25 e 50 anos de idade e que se uniram ao projeto entre 1999 e 2000, realizavam entre meia e uma hora de exercícios diários e, no entanto, 284 morreram em seis anos.

Dunstan indicou que a pesquisa enfocou particularmente os casos de gente que vive junto à televisão, mas as conclusões são aplicáveis a qualquer outra atividade sedentária, como as que passam o dia jogando computador.

O pesquisador lembrou que "o corpo humano foi feito para se movimentar", não para passar a vida sentado em uma cadeira.

14 de jan. de 2010

Mulheres comprometidas ganham mais peso, comprova pesquisa

É notório que as mulheres tendem a ganhar peso depois do parto, mas agora um amplo estudo trouxe evidências de que, mesmo entre mulheres sem filhos, aquelas que vivem com um companheiro engordam mais do que as que vivem sozinhas.

As diferenças, segundo os cientistas, foram absolutas.

Após ajustar outras variáveis, o ganho de peso em 10 anos para uma mulher com 70 quilo, foi de 10 quilos se ela teve um filho e um parceiro, 7,5 quilos se ela teve um parceiro, mas não um filho, e apenas 5 quilos se ela viveu sozinha e não teve filhos. O número de mulheres com filho e sem parceiro era pequeno demais para gerar conclusões estatisticamente relevantes.

Não há motivo para acreditar que ter um companheiro causa alterações metabólicas, então o ganho de peso entre mulheres sem filhos vivendo com alguém deve ter sido causado praticamente apenas por alterações comportamentais. Além disso, houve um estável aumento de peso entre todas as mulheres durante os 10 anos do estudo.

Isso não explica o ganho de peso --ainda maior-- em mulheres que ficaram grávidas. A principal autora, Annete J. Dobson, professora de bioestatística na Universidade de Queensland, na Austrália, sugeriu que isso pode se dar pela ação de mudanças fisiológicas.

"O corpo da mulher pode se adaptar ao peso extra associado a ter um bebê", disse Dobson. "Pode existir um ajuste metabólico, que ocorre quando as mulheres estão grávidas, e que é difícil de reverter. Isso seria mais consistente com nossas descobertas do que qualquer outra explicação."

A pesquisa cobriu mais de 6.000 mulheres australianas por um período de 10 anos, até 2006.

No início, as idades variavam entre 18 e 23 anos. Cada mulher respondeu periodicamente um questionário com mais de 300 perguntas sobre peso e altura, idade, escolaridade, atividades físicas, tabagismo, consumo de álcool, remédios usados e uma ampla gama de outras questões de saúde.

Estudo e cigarro

No final do estudo, publicado na edição de janeiro de "The American Journal of Preventive Medicine", mais da metade das participantes tinha diploma universitário, cerca de três quartos tinham parceiros, e metade havia tido pelo menos um bebê. Praticamente todo o ganho de peso ocorreu com o primeiro filho; nascimentos subsequentes surtiram pouco efeito.

Também ao final do período do estudo, havia menos fumantes e bebedores de risco do que no início, mais mulheres que se exercitavam menos e uma proporção maior sem um emprego remunerado.

Porém, mesmo depois de ajustar para todos esses e outros fatores, as diferenças em ganho de peso entre mulheres com e sem filhos, e entre mulheres com e sem parceiros, continuou.

Vida social

Apesar das limitações do estudo --o peso foi auto-relatado, por exemplo, e o tamanho da amostragem diminuiu com o tempo graças a desistências--, outros especialistas consideraram os resultados valiosos.

"O trabalho é interessante e revela alguns pontos importantes", disse Maureen A. Murtaugh, professora-associada de epidemiologia na Universidade de Utah que publicou muitos artigos sobre o ganho de peso em mulheres. Talvez, sugeriu ela, a vida social possa ajudar a explicar por que mulheres com parceiros ganham mais peso.

"Pense numa ida a um restaurante", disse Murtaugh. "Eles servem a mesma quantidade para mim e para um homem de 1,80 m, embora eu tenha um 1,60 m e seja 30 quilos mais leve."

O estudo incluiu apenas mulheres, mas os pesquisadores citaram um estudo anterior que acusou um aumento na obesidade entre homens com filhos, agregando ainda mais evidências de que fatores sociais e comportamentais fazem parte da explicação.

Dobson disse que a descoberta de ganho de peso entre todas as mulheres, com ou sem famílias, era preocupante.

"Essa é uma preocupação generalizada de saúde", disse ela. "Casar ou morar com um parceiro e ter um bebê são acontecimentos que desencadeiam um ganho de peso ainda maior."

"Do ponto de vista da prevenção, podemos considerar que esses são momentos em que as mulheres devem ser especialmente cuidadosas."

do New York Times

10 de jan. de 2010

Exercício no frio não aumenta queima de gordura, mostra estudo

Pergunta: Uma pessoa tende a queimar mais gordura se exercitando ao ar livre num clima mais frio ou mais quente? Imagino que seja no tempo mais frio, já que o corpo tem de trabalhar mais duro para manter a temperatura corporal próxima do normal.

Resposta: "Ao contrário da sabedoria convencional, a combinação de exercício e exposição ao frio não age sinergicamente para aumentar o metabolismo de gorduras", diz um estudo publicado em 1991 no jornal "Sports Medicine".

O estudo, conduzido no Programa de Adaptação Ambiental Hiperbárica do Instituto Naval de Pesquisa Médica em Bethesda, localizado em Maryland, descobriu que alguns dos processos corpóreos envolvidos no metabolismo de gordura eram, na verdade, desacelerados pelos efeitos de temperaturas relativamente frias no tecido humano.

Os pesquisadores sugeriram que a desaceleração dos processos metabólicos pode ser relacionada à constrição de vasos sanguíneos nos tecidos adiposos periféricos quando o exercício é feito no frio.

O estudo descobriu que o volume de ar inalado e expirado em um minuto aumenta frente à exposição inicial ao frio, mas pode retornar a contagens comparáveis àquelas de exercícios em ambiente morno com esforço prolongado.

Os batimentos cardíacos são muitas vezes, mas não sempre, mais baixos durante exercícios no frio, enquanto a absorção de oxigênio pode aumentar --algo que, segundo sugestão dos pesquisadores, poderia ser parcialmente resultado de tremores.

3 de jan. de 2010

Exercício Físico e Emagrecimento

Recentemente repercutiu na Internet uma notícia sobre o livro Ultimate Fitness, onde a autora Gina Kolata, jornalista de ciência do jornal New York Times afirma que o exercício físico em nada contribuí para o emagrecimento. Ao pesquisar a autora e sua respectiva publicação na Internet, descobri que o livro em questão não passa de um compêndio de bobagens que não possuí nenhuma referência bibliográfica científica para embasar qualquer afirmação contida na obra. Trata-se daquele tipo de publicação que visa criar polêmica às custas da ignorância alheia e fazer dinheiro fácil. Apesar de ser uma repórter de “ciência”, não há referências bibliográficas na obra que conta somente com a grife do New York Times para conferir uma credibilidade que o livro definitivamente não tem.

Não era minha intenção, mas vou aproveitar o gancho dessa besteira para abordar de maneira sintética esse assunto. Primeiro vamos definir exercício físico e emagrecimento:

Exercício físico – Toda atividade física na qual volume e intensidade são manipulados com a intenção de melhorar as aptidões físicas humanas. Não existe fim competitivo no exercício como nos esportes. Embora as possibilidades ou métodos de se treinar sejam quase infinitas, existem apenas 3 tipos de exercícios físicos: de força (musculação), cardio-respiratório (aeróbio) e de flexibilidade (alongamentos). Essa é a tríade do condicionamento físico humano.

Emagrecimento – É a redução do percentual de gordura de um individuo. Essa redução pode ocorrer através do aumento absoluto da massa magra, sem o aumento da mesma proporção em massa gorda e / ou redução absoluta da massa gorda, sem a redução da mesma proporção na massa magra. Em síntese, o emagrecimento é a alteração da proporção dos componentes massa magra e massa gorda no corpo humano. Fica claro que perda de peso e emagrecimento não são necessariamente a mesma coisa. A imensa maioria das pessoas é incapaz de entender isso. É possível emagrecer tanto aumentando quanto diminuindo o peso. Alguém pode pesar 100 Kg e ser magro e saudável, enquanto que outra pessoa pode pesar 40 Kg e ser gorda.

Qualquer estudo que vise analisar o efeito emagrecedor do exercício físico deverá atentar aos seguintes detalhes: Qual exercício físico? Força, aeróbio, ambos. Qual o volume e intensidade? 40 minutos, 3 vezes por semana, protocolo de Rms, percentual do Vo2 máx. Qual o método será utilizado para avaliar a composição corporal? Dobras cutâneas, bioimpedância, dexa. Se forem pessoas obesas, por exemplo, a medição por dobras cutâneas não servirá de nada. Teria de ser usado o dexa.

Para emagrecermos é necessário que ocorra uma alteração no balanço calórico diário. Balanço calórico zero, a tendência é que se mantenha o peso corporal, com balanço calórico positivo, aumentará o peso, e negativo, diminuirá o peso do indivíduo. Vamos esquematizar para uma melhor visualização:

TMB – Taxa metabólica basal. Gasto calórico para a manutenção do corpo humano em repouso.
Contribuição relativa para o gasto diário: em torno de 60% para pessoas fisicamente ativas.

ETA – Efeito térmico dos alimentos. Gasto calórico para a digestão de todas as refeições e para absorção dos nutrientes. Contribuição relativa para o gasto diário: entre 10 e 15%.

AF – Atividade física. Gasto calórico em função das atividades da vida cotidiana, incluindo o treino para os que treinam. Contribuição relativa para o gasto diário: 30 a 25%.

CE – Consumo energético. Todas as calorias ingeridas por você em um período de 24 horas.

Gasto calórico ( TMB + ETA + AF ) - CE

2600 Kcal 2600 Kcal

Balanço calórico zero. Gasto foi igual ao consumo. A tendência nesse caso é de manutenção do peso.

3000 Kcal 2500 Kcal

Balanço calórico negativo de 500 Kcal. Como o organismo não pode ficar no negativo, espera-se que essas 500 Kcal sejam pagas em grande parte através da oxidação dos lipídios armazenados no tecido adiposo. Nesse caso ocorrerá perda de peso.

2400 Kcal 2800 Kcal

Balanço calórico positivo de 400 Kcal. Nesse caso ocorrerá ganho de peso.

Pode-se notar que não fiz nenhuma menção a composição corporal. As alterações na composição corporal vão depender da proporção dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) no consumo energético diário. Daí a importância da alimentação ser balanceada. O CE deve estar dividido em: 60% carboidratos, 25% proteínas e 15% gorduras.

Agora vamos a alguns dados importantes sobre gasto calórico do exercício e volume calórico de alguns alimentos pouco saudáveis:

Alimentos Calorias (Kcal)

1 fatia de bolo de chocolate Aprox. 235 Kcal
300 ml de cerveja normal 130 Kcal
300 ml de coca-cola normal 120 Kcal
1 sanduíche big mac 505 Kcal
1 sundae do Mc Donald’s 300 Kcal
1 bombom sonho de valsa 115 Kcal

Exercício Físico Gasto calórico (Kcal)

Treino aeróbio bem intenso, 1 hora de duração Aprox. 500 Kcal

Treino de musculação bem intenso, 40 minutos
de duração. Aprox. 200 Kcal



É em função desses dados referentes ao gasto através do exercício físico versus consumo calórico que oportunistas como a repórter do New York Times se valem para minimizar, ou desqualificar a importância do exercício físico no processo de emagrecimento. Mas vamos aos fatos:

Ao analisar as tabelas acima, fica evidente como a relação calórica (fornecimento versus gasto) entre alimentos e exercício físico é desfavorável em relação aos exercícios. Dois bombons sonho de valsa fornecem mais calorias que um super treino de musculação é capaz de consumir. Um único sanduíche big mac equivale em calorias há quase uma hora correndo na esteira.

Caso não haja um sinergismo nutricional através de uma alimentação minimamente balanceada, não haverá exercício físico no mundo capaz de promover emagrecimento. Embora o exercício físico intenso de razoável volume não gere um gasto calórico impressionante, no caso da alimentação de um indivíduo oscilar próxima a faixa do balanço calórico zero, 150, 200, 250 ou 300 Kcal obtidos com o treino pode ser o suficiente para que seja alcançado o balanço calórico negativo, promovendo o tão desejado emagrecimento. E nem é necessário que isso seja feito todo os dias.

Apesar da combinação alimentação balanceada / exercício físico não produzir resultados relâmpagos como as pessoas gostariam, a médio e longo prazo o emagrecimento ficará evidente em razão dos pequenos déficits calóricos acumulados, e o mais importante é que esses indivíduos conseguirão manter o emagrecimento conquistado por toda a vida, algo que nenhuma dieta radical e mirabolante foi ou será capaz de fazer.

Para concluir deixo algumas questões dignas de reflexão: hoje em dia, todo mundo freqüenta alguma academia, mas quem treina de fato? Quantos se preocupam em fazer uma alimentação balanceada e nutritiva? Quantos marcam consulta com um nutricionista para fazerem uma avaliação da alimentação?

A pessoas como Gina Kolata sugiro de vez em quando abrir um livro de fisiologia e estudar antes de sair fazendo afirmações que não possuem nenhuma base científica. Quem tiver interesse em estudar esse tema, não deixe de adquirir a bibliografia abaixo.

Emagrecimento – Exercício Físico e Nutrição
Autor: Artur Monteiro
Editora Phorte

Controle do Peso Corporal
Autor: Dartagnan Pinto Guedes
Editora Shape



Paulo Augusto M. Cesar Jr