30 de jun. de 2009

Ciência desvenda a síndrome da fadiga crônica

De repente, os dias de uma pessoa aparentemente saudável ficam mais longos e seu corpo é tomado por um cansaço inexplicável, acompanhado de fortes dores musculares, problemas de memória e dificuldade para dormir. A rotina de trabalho é, então, reduzida gradativamente até que o confinamento na cama se torna inevitável. Esse é o processo por que passam os portadores da síndrome da fadiga crônica, uma doença estranha à maioria da população - e até à ciência.

Devido à dificuldade de determinar suas causas e realizar seu diagnóstico, até os números sobre incidência são imprecisos: de acordo com o Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos, aproximadamente 0,5% da população americana é afetada pelo problema. Pesquisador da síndrome há 20 anos, o professor Kenny De Meirleir, da Universidade Vrije de Bruxelas, na Bélgica, desenvolveu o primeiro mecanismo capaz de diagnosticar a doença. Na entrevista a seguir, ele antecipa a descoberta, que será publicada no jornal científico In Vivo em julho.

O que é síndrome da fadiga crônica?
Agora, nós sabemos o que é essa doença e que ela é causada por mudanças na flora intestinal. Porém, foi um longo mistério, que teve duração de duas décadas. O primeiro diagnóstico realizado a partir dos sintomas ocorreu em 1988. Depois disso, uma nova definição foi feita pelo Centros de Controle de Doenças, o que tornou o diagnóstico muito mais simples. Mas o principal sintoma é que essas pessoas não recuperam suas energias após um mínimo esforço. No último ano, nós realizamos diversas pesquisas para tentar explicar o que causa essa doença.

Por que é tão difícil fazer o diagnóstico?
Porque os exames clássicos não apontam nada de anormal em seus resultados e os sintomas são facilmente confundidos com o de outras doenças: muito diagnóstico duvidoso é feito nesses casos, como depressão e anorexia, porque as pessoas se sentem ansiosas, não conseguem comer. Outra dificuldade foi o fato de nunca ter sido feito um estudo acerca da bactéria dentro do intestino. A nossa primeira pesquisa ainda será publicada e pretendemos fazer mais e mais publicações mostrando que essa bactéria altera vários fatores na saúde dos pacientes e que ela produz toxinas.

Como funciona o mecanismo de diagnóstico desenvolvido pelo senhor?
O kit identifica a produção em grandes quantidades na urina de gás sulfídrico, que é um dos mais tóxicos existentes para o organismo. Esse gás pode ser ativado por uma combinação de fatores, como comidas ou outros elementos que possuem muitos metais pesados, que ativam a bactéria que o produz. Então, nós conseguimos, pela urina, uma forma de metabolizar esse gás e, com a reação da cor, podemos provar que ele é produzido em grandes quantidades. Quando isso acontece, ele afeta o intestino, o hipotálamo, as mitocôndrias, que são os geradores de energia das células, além de abalar o sistema imunológico, provocando uma doença multissistêmica. Ou seja, afeta os sistemas do corpo humano.

Por que a síndrome era considerada de razão psicossomática por alguns pesquisadores e até pelos próprios pacientes?
Por que não havia nenhum marcador clínico. Agora, com o teste de urina é simples. Se, durante a análise, a urina ficar escura em um ou dois minutos, constatamos que há toxinas ali, proveniente de uma bactéria intestinal. Esse é o mecanismo básico que prova a fadiga, a dor e todos os outros sintomas da doença.

O que muda na na medicina após sua descoberta?
Meus colegas estão em choque. Nós mudamos a direção das pesquisas realizadas até agora, que giravam em torno de vírus, sistema imunológico e hormônios. Ninguém chegou a isso que fizemos. A nossa descoberta explica tudo, todas as pesquisas que os outros estão fazendo. Tudo que acontece no corpo de quem tem uma doença dessas é uma conseqüência do que descobrimos.

Com o novo diagnóstico, o tratamento pode ser mais eficaz?
Sim. Agora, nós realmente podemos progredir. Já começamos a estudar um tratamento, que está mostrando boas respostas nos pacientes. Não está publicado ainda, mas em pouco tempo haverá uma forma mais efetiva de tratamento.

O que acontece com pessoas cuja doença nunca foi diagnosticada?
Elas vão perdendo cada vez mais suas habilidades físicas e mentais. O cérebro para de trabalhar, o corpo começa a doer, a pessoa perde a força nos músculos e progressivamente perde sua capacidade de trabalhar. Primeiro, elas ficam reclusas em casas e depois, na cama. Ficam deitados por horas, porque não há mais força para nada.

Existe um tipo de pessoa mais vulnerável a desenvolver a síndrome?
Nós sabemos que há predisposição genética e estamos nos atentando para estudar certos genes. Outra impressão que temos é que as pessoas originárias do norte da Europa, dos países escandinavos, devolvem a doença com mais facilidade. Temos observado que alguns genes ligados à doença são mais comuns nessa população.

O stress é capaz de potencializar a doença?
Sim, pode. Porém, stress não é a causa do problema, apenas facilita a condição.

Uma pessoa "workaholic", que está acostumada com uma rotina pesada no trabalho, tem síndrome da fadiga crônica ou pode desenvolvê-la?
Qualquer pessoa pode desenvolver isso. Mas não necessariamente uma pessoa que trabalha bastante. É claro que quando seu sistema imunológico sofre um processo de stress, você fica mais tenso. Mas ultrapassar limites nas atividades físicas ou o stress prolongado não se comparam à síndrome da fadiga crônica. São coisas completamente diferentes. As pessoas que sofrem dos problemas citados não apresentam essas mudanças fundamentais como a produção de toxinas, infecções e alterações metabólicas em seu corpo.

A doença pode ser transmitida de uma pessoa para outra?
Nós não sabemos ainda. Estamos estudando isso a partir de mecanismos diferentes. Mas se houver algum grau de transmissibilidade, a impressão que temos é que ele é bem pequeno. Provavelmente, é possível que algumas pessoas possam transmitir a doença, mas é quase improvável que alguém saudável adquira a doença a partir de outro indivíduo portador.

Principais sintomas da síndrome da fadiga crônica


O cansaço deve ser acompanhado pelos sintomas abaixo por mais de 6 meses



:: Dificuldades com memória e concentração


:: Problemas para dormir


:: Dores musculares contínuas


:: Dores nas juntas


:: Dor de cabeça


:: Dor de garganta


:: Gânglios inflamados e dolorosos


:: Mal-estar e cansaço que duram mais de 24 horas após esforço físico



Outros sintomas também relatados por pacientes


:: Intestino irritado


:: Depressão e problemas psicológicos


:: Suor e calafrio


:: Distúrbios visuais


:: Alergias e hipersensibilidade a comidas, odores, medicamentos e barulhos


:: Confusão mental


:: Vertigem, tontura

29 de jun. de 2009

Atitudes que ajudam a previnir a celulite

Alimentação adequada aliada a uma boa hidratação do corpo e a prática de exercícios físicos ajudam a previnir celulite.

Cardiologista e nutrológo do Hospital do Coração ressalta a importância de se adotar uma dieta alimentar a base de redução de sal, açúcar e gordura saturada, aumentando também o consumo de frutas e vegetais

De acordo com estudos científicos, toda mulher depois da puberdade, tem celulite. O próprio organismo feminino passa a favorecer seu aparecimento por meio das disfunções hormonais, predisposição genética, pílula anticoncepcional, entre outros fatores, além do sedentarismo e má alimentação. Como não será mais possível livrar-se dela após essa fase da vida, a prevenção é a melhor maneira de lidar com essa característica marcante, que tanto aflige o sexo feminino.

Para o cardiologista e nutrológo do HCor - Hospital do Coração, em São Paulo, Dr. Daniel Magnoni, é fundamental aliar três fatores que ajudam a prevenir a celulite: alimentação saudável; hidratação e exercícios físicos. "A celulite é caracterizada por depressões de inchaços e de gorduras. Por tanto, nada melhor que adotar uma alimentação saudável a base de redução de sal, açúcar e gordura saturada, aumentando também o consumo de frutas e vegetais, o consumo ideal deve ser de cinco porções diárias", salienta Dr. Magnoni.

O especialista ainda explica a importância da elevação no consumo de líquidos, principalmente água. "O consumo de 2 a 3 litros de água por dia, ajuda a repor o líquido no corpo e, além disso, carregar para fora do organismo as toxinas que contribuem com a prevalência da celulite", diz.

Outra ação de nutrição saudável é a restrição ao fast food, gorduras e açucares dos salgadinhos. Segundo o nutrólogo, pesquisa em lancheiras escolares mostrou que quase 70% das lancheiras continham salgadinhos e refrigerantes. "Nesse aspecto, as meninas devem se cuidar", alerta Magnoni.

Além da preocupação com a hidratação do corpo, é importante não esquecer que a prática regular de exercícios é fundamental, pois auxilia no consumo de energia pelo corpo, dificultando a transformação das sobras alimentares em gordura. Vale lembrar que nenhum exercício físico deve ser feito sem acompanhamento médico especializado.

Dicas de prevenção



:: Adotar uma alimentação mais saudável com verduras, legumes e frutas;


:: Evitar o excesso de sal e comidas industrializadas;


:: Beber bastante líquido. Recomendado de dois a três litros por dia;


:: Evitar ficar sentada ou em pé por muito tempo e descansar as pernas sempre que possível;


:: Controlar o estresse.

28 de jun. de 2009

Orgânicos chegam à mesa de 12% dos paulistanos

Dados se referem à primeira pesquisa realizada pela consultoria GFK; no país, a média é de 9%



Por serem livres de agrotóxicos, os orgânicos são considerados alimentos mais saudáveis. A absorção dos nutrientes, segundo especialistas, também tende a ser maior no consumo desses produtos em comparação aos demais.

“Quem se preocupa com a alimentação tende a preferir orgânicos”, afirma José Alexandre Ribeiro, presidente da Associação de Produtores e Processadores Orgânicos do Brasil (Brasil Bio).


Inicialmente concentrado apenas em alimentos in natura, agora o mercado de orgânicos já compreende também produtos industrializados, como achocolatados, café solúvel, azeite, mel, cereais, chás e até produtos de limpeza, cosméticos e roupas confeccionadas com algodão orgânico.

A diversificação dos produtos orgânicos é um dos fatores que explica o crescimento das vendas. “Mas o que mais tem colaborado para o desenvolvimento do setor é a conscientização das pessoas sobre os benefícios que os orgânicos oferecem à saúde”, diz Ribeiro. Para cuidar da saúde, a advogada Marlene Borges dos Santos, de 38 anos, decidiu há dois anos adotar uma dieta composta por alimentos orgânicos.

“Eu senti a diferença, tanto no sabor dos alimentos como na sua própria qualidade”, conta. “Hoje acho minha pele mais saudável, meu cabelo também está mais bonito. O único inconveniente é o preço.” O preço desses produtos é mais caro.

27 de jun. de 2009

Pedir comida pelo telefone engorda, diz pesquisa

Os riscos estão nas escolhas calóricas e na falta de cuidado com a mastigação

A praticidade deveria incentivar uma dieta mais saudável: afinal, basta telefonar e a comida chega, pronta e quentinha. O único trabalho é abrir a embalagem, já que a louça é toda descartável. Mas não é bem assim que acontece, como acaba de comprovar uma pesquisa realizada pela Universidade da Tasmania, na Austrália, e publicada na revista científica Comportamento Nutricional e Atividade Física.

Os entrevistadores acompanharam a rotina de 2.800 australianos que tinham o hábito de usar os serviços de delivery. As pessoas que costumam fazer pedidos, ao menos, duas vezes por semana apresentaram um consumo menor de frutas, legumes e verduras, além de dispensarem grãos integrais e ingerirem mais gordura do que o ideal. O consumo de salgadinhos e sobremesas também foi maior entre este grupo.

Os efeitos da dieta refletem-se no peso. Entre as mulheres, 25% revelaram tendência à obesidade enquanto, entre os homens, este número cresceu para 31%. Riscos de diabetes tipo 2, disfunções hormonais e doenças cardiovasculares são muito mais comuns entre as pessoas que apresentam altos índices de gordura abdominal. A autoestima também fica abalada, prejudicando a realização atividades físicas, num ciclo que ameaça a saúde e a qualidade de vida.

Cuidar da própria alimentação é um hábito que revela seu nível de interesse com a saúde. Não é o caso de ir para cozinha todos os dias, mas vale a pena planejar as compras do supermercado de acordo com o cardápio previsto para a semana. È preciso consumir, ao menos, cinco porções diárias de legumes, verduras e frutas , afirma a nutricionista do MinhaVida, Roberta Stella.

De acordo com os médicos que conduziram o trabalho, o problema não está em pedir alimentos pelo telefone, exatamente. Mas nas escolhas que são feitas: mesmo quando dispensam o fast-food e as pizzas, as pessoas tendem a priorizar as opções mais calóricas dos restaurantes quando fazem pedidos para serem entreguem em casa.

A qualidade da refeição também piora. Na maioria das vezes, os alimentos são ingeridos em frente da televisão ou do computador, o que diminui as mastigadas e aumenta a quantidade de bebida consumida além das calorias, a bebida dilata o estômago e favorece o consumo de porções mais fartas de comida.

Aumente o seu consumo de frutas



A nutricionista do MinhaVida dá dicas para você contar com um reforço na dieta, sem preocupações com as calorias



:: Deixe porções de frutas lavadas na geladeira. Quando bater a fome, é só comer



:: Planeje suas compras na feira e inclua na lista frutas que podem ser levadas para o trabalho. Maças e tangerinas são opções muito práticas e resistentes



:: No inverno, aqueça a fruta no microondas e acrescente especiarias, com canela e cravo. Fica uma delícia e não ameaça a dieta



:: Faça o suco de uma fruta e misture a pedaços de outras, picadas. Com esta salada, você já garante ao menos três porções

26 de jun. de 2009

Gorduras e a atividade física

Sabe-se que mesmo com o aumento significativo da ingestão de alimentos fonte de carboidratos, nosso organismo apresenta uma limitada capacidade de armazenamento dos glicogênios muscular e hepático. Por outro lado, as reservas corporais de gorduras são bem superiores, mesmo em atletas com reduzido percentual lipídico. Desta forma, uma menor oferta de energia advinda dos carboidratos costuma representar a principal causa da fadiga durante o exercício, de modo que a otimização da oxidação ("queima") de gorduras durante o treino poderia ajudar a melhorar o desempenho durante a atividade física. Além disso, a consequente redução do percentual de gordura corporal também é apelo interessante à saúde e à estética.

Apesar da maioria dos indivíduos ter uma quantidade relativamente alta de gordura acumulada, a habilidade de oxidação desse estoque durante a atividade física é limitada. Alguns autores consideram que essa limitação para a queima de gorduras deva-se à execução ineficiente de alguns dos passos da lipólise (degradação das reservas energéticas para produção de energia) ou ao transporte de substratos, tais como: mobilização dos ácidos graxos (AG) dos tecidos adiposo e intramuscular, transporte dos AG para os músculos e captação destes pelas células musculares.3

Alguns autores acreditam ser a captação de ácidos graxos livres (AGLs) pelas células musculares o principal fator regulador do processo de oxidação desses substratos. Turcotte et al.4 examinaram o metabolismo dos AGLs de indivíduos treinados e não treinados durante três horas de extensão de quadríceps. Apesar da concentração sanguínea de AGLs ter aumentado na mesma proporção para ambos os grupos, a captação deste substrato pelas células musculares do grupamento envolvido na atividade permaneceu a uma taxa de 15% nos indivíduos treinados, enquanto nos indivíduos não-treinados regrediu de 15% para 7%, em especial, durante a última hora de exercício. A captação de AGLs aumentou linearmente conforme a disponibilidade do substrato no primeiro grupo, enquanto no segundo, saturou em certo ponto. Os autores concluíram que possivelmente a passagem de AGLs pela membrana da célula muscular represente o fator limitante da taxa de oxidação de lipídios durante a atividade física, o que pode ser potencializado pela melhora do condicionamento físico com treinamentos de endurance. No entanto, outros fatores também estão fortemente envolvidos na eficiência da oxidação de lipídios, sendo a disponibilidade de glicose (carboidrato simples) importante fator regulador. A alta concentração de glicose no meio intracelular diminui a oxidação dos ácidos graxos de cadeia longa por inibir seu transporte para a mitocôndria (organela celular onde ocorre a "queima" de gordura).5 Se há glicose disponível, a célula oxidará preferencialmente este carboidrato.

O mesmo parece não ocorrer com os AGs, uma vez que sua disponibilidade para a célula em geral é muito maior do que o demandado para a oxidação. A concentração plasmática de AGs em geral excede os níveis necessários para atender à velocidade de oxidação destes pela célula muscular. Estudos recentes sugerem que a taxa de oxidação dos AGs no interior destas células durante o exercício é determinada pela presença de glicose e não pela disponibilidade dos AGs em si.1,2,5

Uma vez que a digestão dos lipídios é em geral mais lenta do que a dos carboidratos, eles permanecem no trato gastrointestinal por mais tempo antes de serem absorvidos pelo organismo. Esse fato contribui para a não utilização dos lipídios como fonte imediata de energia, como são usados os carboidratos.



por Letícia Azen Alves (Nutricionista doutorando em nutriçãopela UFRJ)

25 de jun. de 2009

Como funciona a dieta com baixo teor de carboidratos

Introdução

Ouvimos sobre dieta com baixo teor de carboidratos em todos os lugares: já ouvimos falar da dieta Atkins, da dieta de South Beach, da dieta de Hampton e da dieta de 30 dias com baixo teor de carboidratos. Todas as pessoas estão testando algum tipo de dieta com pouco carboidrato. Na verdade, há uma boa probabilidade de que, enquanto você lê esse artigo, também está lembrando de algum colega de trabalho ou parente que, recentemente, perdeu peso com algumas dessas dietas. Pode ser que até você esteja tentando levar um estilo de vida com poucos carboidratos.

Algumas pessoas apóiam essa idéia completamente e realmente a consideram uma revolução nas dietas, enquanto outros acham que é mais uma moda passageira. Durante anos, a comunidade médica recomendou uma dieta balanceada: rica em carboidratos complexos, com muitas fibras e vegetais, e uma ingestão limitada de carne vermelha e comidas gordurosas. Os planos de dieta com baixo teor de carboidratos sugerem que se faça algo completamente diferente. Então, em qual teoria acreditar?

Nesse artigo, vamos ver os carboidratos, a idéia básica por trás da dieta com baixo teor de carboidratos e o conceito de quantidade líquida de carboidratos. Um número cada vez maior de distribuidoras de alimentos e restaurantes está respondendo às necessidades do consumidor de poucos carboidratos. Muitas pessoas que seguem uma dieta de baixas calorias ou com baixo teor de gordura descobrem que o fast-food está fora de questão. Mas o mesmo não é verdade para o seguidor da dieta com poucos carboidratos. Vamos dar uma olhada rápida em como você pode se manter fiel à sua dieta com baixo teor de carboidratos quando pede comida para viagem e como a indústria de fast-food está se juntando à moda do baixo teor de carboidratos.

O que é uma dieta com baixo teor de carboidratos?

Em 1972, o Dr. Robert Atkins lançou seu livro A Nova Dieta Revolucionária do Dr. Atkins, que sugeria uma nova maneira de fazer dietas. Até aquele momento, seguir uma dieta geralmente consistia em diminuir o número de calorias ingeridas por dia ou diminuir a quantidade de gordura e carboidratos ingeridos. Mas com uma abordagem totalmente nova, a dieta do Dr. Atkins buscava apenas limitar o consumo de carboidratos. E desde então, uma grande quantidade de dietas com poucos carboidratos surgiram, sumiram e algumas até ressurgiram. Aceite os fatos, a dieta com baixo teor de carboidratos está aí há mais de trinta anos e, com a enxurrada diária de novos produtos, menus, planos de dietas e livros de receitas lançados, pode ser que ela continue popular por mais trinta. Então, agora você deve estar se perguntando: "Mas o que exatamente são carboidratos e como posso restringir seu consumo para perder peso?"

Sobre os carboidratos

Há uma grande chance de você já ter ouvido falar de "carboidratos" e "carboidratos complexos". Eles vêm em diferentes formas, entre elas o arroz, massa, pão, bolachas, cereais, frutas e vegetais. Os carboidratos fornecem o combustível básico do seu corpo. Pense na relação do seu corpo com os carboidratos de maneira parecida com a que pensaria sobre a relação entre um motor de carro e a gasolina.

O carboidrato mais simples é a glicose. A glicose, também chamada de "açúcar sangüíneo" e "dextrose", circula na corrente sangüínea para que fique disponível a cada célula do seu corpo. Suas células absorvem glicose e a convertem na energia utilizada pela célula.

A palavra "carboidrato" vem do fato de que a glicose é formada de carbono e água. A fórmula química da glicose é:



Repare que a glicose é composta de 6 átomos de carbono (carbo...) e os elementos de 6 móleculas de água (...idrato). A glicose é um açúcar simples, o que significa que tem um gosto doce para nossa língua. Há outros açúcares simples dos quais você já deve ter ouvido falar: frutose, galactose, lactose, sacarose e maltose.

A glicose, frutose e galactose são chamadas de monossacarídeos. Já a lactose, sacarose e maltose são chamadas de dissacarídeos (contêm dois monossacarídeos). Monossacarídeos e dissacarídeos são chamados de carboidratos simples. Ao olhar o rótulo de "Informações Nutricionais" de uma embalagem de alimentos e vir "Açúcares" abaixo da seção "Carboidratos", é desses açúcares simples que o rótulo está falando.

Também existem carboidratos complexos, normalmente conhecidos como "amidos". Um carboidrato complexo é composto de cadeias de moléculas de glicose. Amidos são a maneira que as plantas armazenam energia - elas produzem glicose e formam cadeias com essas moléculas de glicose: o amido. A maioria dos grãos (trigo, milho, aveia, arroz) e alimentos como batatas e bananas são ricos em carboidratos complexos. O seu sistema digestivo quebra um carboidrato complexo em moléculas de glicose para que essa glicose possa entrar na sua corrente sangüínea. No entanto, leva muito mais tempo para quebrar o amido. Se você beber uma lata de refrigerante cheia de açúcar, a glicose vai entrar na sua corrente sangüínea a uma taxa em torno de 30 calorias por minuto. Um carboidrato complexo é digerido muito mais lentamente, o que faz com que a glicose entre na corrente sangüínea a uma taxa de apenas duas calorias por minuto. Carboidratos complexos podem ser ricos em fibras, como o brócolis, ou ter poucas fibras, como as bananas ou batatas.

Mas os carboidratos não são as únicas substâncias que o corpo utiliza como energia. O corpo também utiliza proteínas e gorduras como combustível. A proteína está presente em alimentos como carne vermelha, carne de frango, peixe e queijos. As gorduras também são outra importante parte de nossa dieta. Muitos alimentos possuem gordura em diferentes quantidades. Alimentos com alto nível de gordura são os laticínios como manteiga e chantili, assim como a maionese e os óleos. A idéia por trás da dieta com baixo teor de carboidratos é restringir a quantidade de carboidrato ingerida e aumentar o consumo de proteínas, bons carboidratos (como os vegetais ricos em fibras) e, em algumas situações, gordura.

Por que contar a quantidade de carboidratos?

Agora você sabe o que são os carboidratos e como seu corpo os utiliza. Mas, como seguir uma dieta com baixo teor de carboidrato pode ajudá-lo a perder peso? A teoria é mais ou menos a seguinte: de acordo com os defensores da dieta com pouco carboidrato, certos carboidratos têm um impacto muito grande sobre os níveis de açúcar no sangue, enquanto outros possuem um impacto mínimo. Ao regular os níveis de açúcar no sangue e evitar picos (como os que ocorrem após fazer uma refeição rica em carboidratos), você vai conseguir regular melhor o seu apetite. Acredita-se que os picos de açúcar são os causadores de alguns de nossos hábitos e desejos de comer em excesso. Por exemplo, você já se sentiu com fome após o almoço e comeu uma barrinha de doce para "agüentar" até o jantar e acabou ficando com mais fome ainda depois? As dietas com baixo teor de carboidratos evitam essa armadilha ao concentrar a dieta da pessoa em alimentos como carne, queijo e vegetais ricos em fibras, que não instigam essa montanha russa de açúcar no sangue.

Batalha das pirâmides de comida

A Pirâmide de Alimentação do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) recomenda uma dieta rica no consumo de carboidratos. Como pode ser visto na imagem abaixo, a base da pirâmide recomenda de 6 a 11 porções de carboidratos por dia.


A pirâmide de orientações sobre alimentação do USDA

Seguidores da dieta com baixo teor de carboidratos vivem de acordo com um mapa alimentar totalmente diferente. Por exemplo, vamos observar a pirâmide de orientações sobre alimentação da dieta de Atkins.


A pirâmide de orientações sobre alimentação do estilo de vida Atkins

Diferente da pirâmide de alimentos tradicional, a pirâmide de Atkins enfatiza as fontes de proteína em vez de alimentos integrais.

Quantidade líquida de carboidratos

Graças aos rótulos de informações nutricionais presentes em quase todas as embalagens de alimentos atualmente, o seguidor de dietas comum pode fazer a contagem de calorias, gorduras e colesterol até a última casa decimal. Para aqueles que observam o número de carboidratos, no entanto, as coisas não são tão fáceis. A última moda no mundo da dieta de baixo teor de carboidratos é que agora não importa mais a quantidade total de carboidratos. O que importa é a quantidade líquida efetiva de carboidrato ou quantidade líquida de carboidrato. Como discutimos antes, a dieta com baixo teor de carboidratos baseia-se na teoria de que certos carboidratos, mais do que outros, causam um impacto muito maior nos níveis de açúcar no sangue. E são estes carboidratos que realmente importam no hora de fazer as contas. Para descobrir a quantidade líquida de carboidrato de um alimento, é necessário identificar os carboidratos que não causam um impacto tão grande, originários das fibras e polióis, e subtraí-los do total geral da contagem de carboidratos.No rótulo nutricional na parte de trás de uma pequena lata de amêndoas tostadas e salgadas consta que uma porção equivalente a 1/4 de xícara contém:

calorias: 170
gordura: 16 gramas
colesterol: 0 miligramas
sódio: 85 miligramas
carboidratos totais: 5 gramas (fibra: 3 gramas e açúcares: 1 grama)
proteína: 6 gramas

Para descobrir a quantidade líquida de carboidrato, basta pegar o número total de carboidratos (5 gramas) e subtrair a quantidade total de fibras dietéticas (3 gramas). Então, uma porção destas amêndoas possui 2 carboidratos líquidos. Se tivesse qualquer conteúdo de poliol, esse número também teria de ser subtraído do total. Por exemplo, vamos pegar as informações nutricionais de uma barra de cereal:

calorias: 170
gordura: 8 gramas
colesterol: 5 miligramas
sódio: 160 miligramas
carboidratos totais: 21 gramas (fibra dietética: 2 gramas; açúcares: 1 grama; poliol: 17 gramas)
proteína: 10 gramas

Este lanche saboroso também contém 2 carboidratos líquidos. Se pegar a contagem total de carboidrato (21 gramas) e subtrair o conteúdo de fibras dietéticas e polióis (2 gramas + 17 gramas = 19 gramas), restam apenas 2 gramas de carboidratos líquidos.

Muito bem, agora você já pode descobrir a quantidade líquida de carboidratos que está oculta dentro da despensa. Porém, com as agendas lotadas que temos hoje em dia, quem tem tempo para sequer pensar nisso quando todo mundo está comprando comida "para viagem"? Muitos de nós passamos o horário do almoço fazendo algo - deixando a roupa na lavanderia, pagando as contas e coisas assim - e quase não há tempo para almoçar. Na hora de voltar para o escritório, é mais prático parar na lanchonete mais próxima e pegar alguma coisa para comer no caminho. Antigamente, isso seria um pesadelo para os seguidores de dietas. Felizmente, o consumidor de poucos carboidratos de hoje não precisa sair de sua dieta, já que os muitos restaurantes de fast-food estão tomando a dianteira e servindo várias alternativas com baixo teor de carboidratos.

Para viagem

Em resposta à mania das dietas com poucos carboidratos, várias lanchonetes têm adicionado opções dessa dieta em seus cardápios: o McDonalds tem opções com poucos carboidratos, assim como o Subway, Burger King, Hardees, Arbys e Blimpie. Vamos dar uma olhada no Blimpie e seu novo cardápio com baixo teor de carboidratos.

Nem só de pão vive o homem

A Blimpie é uma empresa conhecida há quatro décadas nos EUA por seus sanduíches de baguete e outros feitos com carne fresca, queijo e vegetais no pão recém saído do forno. Enquanto a carne, o queijo e os vegetais estão totalmente de acordo com a dieta de baixo teor de carboidratos, aquilo que os envolve não está.

A indústria do fast-food tem a ver com conveniência. E o que pode ser mais conveniente do que um sanduíche? Pois ele é uma refeição rápida... Qualquer um, mesmo que conheça pouco sobre dieta de baixo teor de carboidratos, sabe que o pão de trigo é o inimigo número um. Então, o que uma empresa de fast-food tem de fazer? O mais fácil seria eliminar o pão e servir saladas. Mas, para restaurantes como o Blimpie, que sabe a importância do pão no sanduíche, passar a servir só salada pode parecer falta de consideração com sua clientela. Por isso, o pessoal do Blimpie atacou a raíz do problema ao encontrar um pão com baixo teor de carboidratos para seus sanduíches. Agora, o cliente que procura poucos carboidratos pode continuar a alimentar seu desejo por um suculento sanduíche da Blimpie sem perder nada (bem, a não ser os carboidratos extras). Com quatro sanduíches no cardápio e duas saladas para balancear, já há alguma variedade. Aqui está o que você vai encontrar quando olhar o Cardápio com baixo teor de carboidratos do Blimpie.

Sanduíche de Rosbife e Cheddar com molho de raiz forte: quantidade líquida de carboidratos = 8
Sanduíche de Peru e Queijo com molho de pimenta: quantidade líquida de carboidratos = 8
Sanduíche de Peru com molho de tomates secos: quantidade líquida de carboidratos = 9,5
Sanduíche de Presunto e Queijo Suíço com mostarda amarela: quantidade líquida de carboidratos = 11
Sanduíche de Peru com molho de queijo gorgonzola: quantidade líquida de carboidratos = 5
Salada Siciliana com molho Italiano light: quantidade líquida de carboidratos = 7
Chips com Baixo Teor de Carboidratos do Blimpie (são feitos de soja, não de batatas): quantidade líquida de carboidratos = 5
Bebida SoBe Diet de Amora: quantidade líquida de carboidratos = 1

Todos os sanduíches são servidos no pão de cebola com baixo teor de carboidratos.

Não importa em que fase, nível ou estágio da sua dieta de baixo teor de carboidratos você esteja, há muitas informações úteis. Por exemplo, durante a fase inicial da dieta de Atkins (a mais dura das quatro fases), você não pode comer nenhum tipo de pão. E, com o máximo de 20 carboidratos por dia, não é de se admirar. A salada Buffalo de Frango seria uma boa escolha para o almoço ou jantar, sobrando ainda 15 carboidratos para o restante das refeições e lanches do dia. Enquanto isso, para aqueles que já atingiram os seus objetivos de perda de peso e estão tentando manter sua nova forma esbelta, basta comer qualquer um desses itens do cardápio.

A quantidade de carboidrato que alguém pode consumir para manter seu peso varia mas, em média, é de 40 a 80 gramas por dia. Então, mesmo comprando o item com a maior contagem de carboidratos e as batatas fritas, a sua refeição ficaria bem abaixo de 20 gramas de carboidratos no total.

Sanduíche de Presunto e Queijo Suíço: quantidade líquida de carboidratos = 11
Chips com Baixo Teor de Carboidratos do Blimpie: quantidade líquida de carboidratos = 5
Bebida SoBe: quantidade líquida de carboidratos = 1
Carboidratos totais: quantidade líquida de carboidratos = 17

É claro que dá para reduzir ainda mais o total de carboidratos de quaisquer desses itens do cardápio com a simples troca de condimentos. Os molhos costumam ter pelo menos um ou dois carboidratos, chegando a três em algumas vezes. Substitua o molho de erva forte pela velha e boa maionese e você provavelmente vai economizar alguns carboidratos. É possível deixar passar a bebida SoBe e pedir um copo de água gelada, chá sem açúcar ou refrigerante diet para economizar mais um carboidrato. Soubemos que várias lanchonetes Blimpie também estão oferecendo um brownie, aquele bolinho de chocolate que todos amamos. E (rufem os tambores, por favor), já que os brownies são feitos com poliol, supostamente a sua quantidade líquida de carboidratos é zero.

24 de jun. de 2009

Verduras ficam mais saudáveis com bronzeamento ultravioleta

Verduras bronzeadas

Sabores à parte, uma porção de espinafre tem mais valor nutricional do que uma montanha de alface. Isto porque as cores mais escuras nas verduras folhosas são frequentemente sinais de antioxidantes que se acredita oferecerem uma série de benefícios para a saúde.

Agora, uma equipe de fisiologistas norte-americanos desenvolveu uma técnica para tornar os vegetais mais escuros e mais avermelhados - e, portanto, mais saudáveis - usando LEDs, pequenas lâmpadas de estado sólido, semelhantes às usadas nos aparelhos eletrônicos.

Compostos polifenólicos

O processo, que consiste em uma espécie de bronzeamento dos vegetais, utiliza LEDS que emitem luz ultravioleta, imitando a radiação natural emitida pelo Sol. Os raios ultravioleta forçam as folhas a desenvolverem compostos polifenólicos em sua camada externa de células, os quais absorvem essa radiação.

Alguns desses compostos são vermelhos e pertencem à mesma família que dá cor à casca da maçã. Eles ajudam a bloquear a radiação ultravioleta, que podem alterar o DNA da planta e atrapalhar a fotossíntese que permite que a planta gere seu alimento.

Dietas ricas em antioxidantes

Os compostos polifenólicos, que incluem flavonóides como a quercetina e cianidina, são também poderosos antioxidantes. Os pesquisadores acreditam que dietas ricas em antioxidantes trazem uma série de benefícios à saúde humana, desde melhoria das funções cerebrais até o retardamento dos processos de desgaste e envelhecimento do organismo.

Depois de aplicar a luz dos LEDS com uma potência de 10 miliwatts por metro quadrado de plantação, os pesquisadores documentaram um forte incremento na cor avermelhada das verduras depois de 43 horas.

"Nós ficamos agradavelmente surpresos em ver como os LEDs são eficazes e agora nós estamos testando os níveis de exposição mais adequados, e se a luz deve ser contínua ou pulsada," diz o pesquisador Steven Britz.

Conservação de verduras já colhidas

Britz e seus colegas já descobriram os comprimentos de onda da luz ultravioleta que oferecem os melhores resultados - entre 282 e 296 nanômetros - e agora vão comparar a intensidade da luz que deve ser aplicada em cada estação do ano.

Os pesquisadores planejam também pesquisar o uso dos LEDs ultravioleta para melhorar a conservação das verduras já colhidas.

23 de jun. de 2009

Dança ajuda pessoas da Terceira Idade

“Mexer o esqueleto” não é tarefa apenas para os jovens. Diferente do que muitos podem pensar, a dança é uma ótima opção para pessoas da terceira idade. É o que diz um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália. Segundo eles, a atividade física pode ajudar pessoas com mais de 50 anos até a melhorarem a memória.

Pesquisadores brasileiros também chegaram a essa conclusão. Estudos científicos envolvendo dança e idosos comprovam as contribuições para a saúde física e mental, principalmente em relação aos ganhos ligados à força, ritmo, agilidade, equilíbrio e flexibilidade. Para os estudiosos do assunto, as atividades físicas, quando praticadas regularmente, retardam as doenças que podem acometer os idosos e, no caso da dança, por ser uma atividade aeróbica, muitas vezes ela é recomendação médica para amenizar sintomas de doenças como hipertensão, obesidade, osteoporose, depressão e problemas de memória.

Na dança, além de exercitar o corpo, a agilidade, a coordenação motora e o equilíbrio, as pessoas de terceira idade também exercitam a mente, a atenção, a concentração e a memória. Além disso, a prática diminui o estresse e a ansiedade, além de melhorar a auto-estima.

Professores de dança para idosos concordam e afirmam que a modalidade em questão pode proporcionar bem-estar físico e emocional, principalmente, para aqueles com depressão e Alzheimer, doenças quais atingem cerca de 11% da população no Brasil, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Não é à toa que já existem no país aulas de dança voltadas apenas para a terceira idade, chamadas de Dança Senior. A prática, que surgiu na Alemanha em 1974, chegou no Brasil em 1978 e consiste em exercícios que objetivam prevenir a rigidez muscular e a perda de domínio de movimentos coordenados. Mas, não é preciso participar dessa aula específica para os mais velhos perceberem os benefícios de remexer os quadris. Dança de salão e outras têm sido cada vez mais procuradas por esse público, que descobre nas coreografias uma forma de manter a saúde em dia em todos os sentidos. “A pessoa fica muito parada em casa, com pensamentos negativos, mas com a música e a dança, ela espairece. É bom física e mentalmente”, avalia Rosa do Brasil, professora de dança de salão em Serra Negra e que já trabalhou com turmas de idosos.

Para professores da área, depois da aula é visível a alegria dos alunos e até os familiares percebem isso. Especialistas garantem que a dança como atividade física ajuda a garantir ao idoso uma vida ativa, com independência funcional,através da manutenção da força muscular, principalmente de sustentação, equilíbrio, potência aeróbica, movimentos corporais totais e mudanças do estilo de vida.

Na opinião de Rosa, há muitas vantagens na prática, desde a melhora na coordenação motora e circulação até o ganho de auto-estima e socialização. “Tem tantas senhoras tímidas que não saem de casa porque não recebem atenção dos mais novos, mas que na aula conversam, distraem, dão risada”, conta. Segundo ela, muitos alunos acham que não vão conseguir e que, aos poucos, se integram e se entregam ao ritmo.

A professora ressalta que a dança é recomendada até para os que apresentam reumatismo, dificuldades de locomoção, osteoporose ou outro tipo de dor, desde que sejam respeitados os limites de cada um. “É uma das melhores atividades. Às vezes, a dor existe de tanto a pessoa ficar sentada e ela tem dificuldade até de dar dois passos para lá e dois para cá. Mas, ao se movimentar, o aluno chega a esquecer da dor”, afirma.

22 de jun. de 2009

Benefícios da dança para crianças vão muito além do físico

Dançar é muito mais do que puro divertimento. A execução de passos coreografados, repetidos dentro de um método e com orientação profissional, proporciona diversos benefícios para a saúde física e mental. Para as crianças então, a dança pode ativar e desenvolver capacidades positivas que lhe acompanharão pelo resto da vida.

A criança que dança trabalha a musculatura, fortalecendo-a, estimula a coordenação motora, flexibilidade, postura, tem maior consciência corporal, noções de espaço, além de melhorar sua integração social. Musicalidade, ritmo e criatividade também estão entre os ganhos.

“É uma atividade que exige concentração, pois as crianças aprendem a ter respeito a algumas regras da dança, assim como em qualquer outro esporte; desenvolvem a autoconfiança, porque, de certa forma, desafia um pouco o corpo; sociabiliza o contato com outras crianças”, diz Bianca Dore, professora de dança e diretora de uma escola voltada para essa atividade.

No início do aprendizado de dança explora-se os movimentos naturais de cada criança, seu ritmo próprio, sua expressão. As aulas têm um caráter mais lúdico e descontraído. A técnica vai sendo introduzida gradativamente, porém respeitando as condições físicas e psíquicas de cada idade, as necessidades globais e as aspirações de cada um.

Bianca Dore esclarece que em sua escola são aceitas crianças a partir dos três anos de idade, mas a técnica só começa a ser ensinada de fato por volta dos cinco anos. “É nessa faixa que começamos a mexer mesmo com a dança, propriamente dita. Antes é mais uma recreação elaborada, digamos assim.”

Pensadores da área afirmam que a dança, aliada à educação, proporciona elementos que favorecem o desenvolvimento do ser humano, numa espécie de complementação de sua formação pessoal. Crianças que tiveram aulas de dança no período pré-escolar, certamente, terão mais facilidade de serem alfabetizadas, afirmam os teóricos.

Então, sapatilhas nos pezinhos!

Dança estimula disciplina e criatividade nas crianças

Obedecer os horários das aulas, zelar pelo uniforme e os acessórios, seguir à risca a coreografia e os ensinamentos. Para o professor Roosevelt Pimenta, o fator mais significativo no aprendizado da dança é a disciplina. Ele também destaca os benefícios físicos que a atividade gera, além da consciência corporal, musical — “As crianças aprendem a ter gosto pela boa música” — e também um conhecimento maior sobre o aparelho motor. O senso de pontualidade também é destacado pelo mestre.

Roosevelt considera o ensino da dança algo muito sério e, para tanto, o método mais eficaz, segundo ele, é o “baby class”, implantado pelo Royal Ballet de Londres. Nele, os movimentos são transmitidos para as crianças de forma descontraída, sem a terminologia clássica tradicional.

“Se a criança vai ter que fazer uma flexão de tronco para a frente, dizemos que vamos dar um mergulho. Em outros momentos, lembramos bichinhos. É muito lúdico”, comenta.

Mas nem todos estão qualificados para ensinar os preceitos da dança a partir desse método, Roosevelt alerta. “Tem que prestar concurso para aplicar. E em Natal tem raríssimos professores habilitados”, diz. “Sem esse método, podem aparecer sequelas como problemas de coluna, deslocamento de bacia.”

Roosevelt Pimenta é um dos nomes mais significativos na formação de bailarinos em Natal. Fundou a Escola Municipal de Ballet — que hoje tem o seu nome — há 35 anos, tendo sido também seu diretor, professor e coreógrafo. Atualmente, é consultor de dança da Fundação Capitania das Artes.

Enquanto os professores teorizam, os pais parecem ainda não terem uma compreensão total dos benefícios gerados pela dança para as crianças. Algumas mães, na verdade, projetam nas filhas/filhos o desejo não realizado de serem bailarinas. A professora Bianca Dore percebe isso no cotidiano do espaço que dirige, mas acredita que a situação está mudando.

A professora de Natação, Graziella Brönnimann sempre gostou de dança e por muito tempo praticou sapateado. O destino a levou por outros caminhos distantes da dança. Graziella porém percebeu que sua filha herdou o gosto pelas coreografias e em outubro do ano passado matriculou a pequena Cathérine nas aulas de sapateado.

Hoje, ela já percebe os resultados. “Minha filha ficou mais extrovertida, desinibida. Ela vive dançando e cantando quando estamos na rua”, comenta Graziella.

Além dos benefícios físicos e da socialização promovidos pela dança nas crianças, um caráter mais global envolve o seu ensino, já que há um envolvimento maior com outras artes e conceitos; música, artes plásticas, nutrição e educação física. Bianca Dore comenta que segue uma proposta diferente, no sentido de transformar a criança em um artista mais completo no futuro.

Com esse intuito, uma programação especial é realizada uma vez por mês, aos sábados, em esquema de “aulão”, quando são passadas informações diferenciadas: circo, nutrição, ginástica olímpica, ioga, teatro, sempre com a presença de um especialista de cada área. Bianca Dore também está à frente de um projeto social para estudantes de escolas públicas, com vagas para crianças de até 10 anos de idade.

“Alguns pediatras já indicam a dança para trabalhar o corpo”

TRIBUNA DO NORTE – De que forma é feito o ensino da dança para as crianças?
BIANCA DORE – Trabalhamos tanto com balé clássico, sapateado, quanto com uma modalidade que intitulamos de “dança criativa”, semelhante à dança contemporânea para adultos, onde a gente busca um pouco mais da criatividade das crianças. É uma dança mais solta, sem tanta formalidade técnica como o balé, mas que exige algumas posturas a serem seguidas. O que a gente busca com isso é incentivar a criatividade das crianças, através de como elas se expressam com os movimentos; damos temas para elas desenvolverem determinadas movimentações. Isso estimula bem mais a criatividade, um pouco mais de musicalidade, o gestual inato dela, sem nenhuma imposição de movimento.

TN - É notória a transformação das crianças ao longo das aulas?
BD - Muito, desde a parte física até a socialização. Elas ficam mais soltas, porém mais concentradas no colégio. Essa interação ajuda nas atividades delas no dia-a-dia.

TN - Os pais têm consciência dos benefícios que a dança proporciona ou matriculam os filhos para que sejam futuros dançarinos?
BD - Alguns, não são todos. Muitos ainda trazem para as aulas por acharem aquela coisa de “ah, eu sempre quis dançar” — uma vontade até mesmo da mãe — ou acham bonito dizer “minha filhinha vai ser bailarina”, mas sentimos que isso vem mudando. Alguns profissionais, pediatras que acompanham crianças, já indicam a dança para trabalhar o corpo, pois o balé é uma atividade bem completa, assim como a natação, que é muito indicada pelos médicos. Alguns pais já vêm com essa intenção de gerar benefícios à saúde, mas ainda não são muitos. É algo ainda a se expandir.

TN - O brasileiro, e o nordestino em particular, tem uma grande afinidade com a dança desde cedo. Você percebe isso nas crianças? Elas têm dificuldade?
BD - Algumas têm dificuldade. É muito mesmo de cada família; pois, por mais que tenhamos essa cultura, alguns pais não têm muito contato com música ou não têm acesso, não ouvem muita música, não cresceram dessa forma. Mas quando trabalhamos com eles desde pequeninhos fica mais fácil reverter isso.

Esteira Residencial, aprenda a usar efetivamente

Psicóloga do esporte dá dicas para evitar que você desista de fazer exercícios físicos em casa antes mesmo de ver os primeiros resultados

Tempo ruim para ir ao parque, medo da violência para caminhar na vizinhança, falta de tempo para ir à academia. Tudo isso pode afastar uma pessoa de uma atividade física. Uma boa alternativa é comprar um aparelho de ginástica, como uma esteira, por exemplo, para praticar exercícios sem sair de casa.

Todo ano, nos Estados Unidos, as pessoas gastam cerca de US$ 4 bilhões em equipamentos de ginástica, segundo estudo da revista americana Consumer Reports. O mesmo levantamento mostra, porém, que quase a metade das pessoas que compram esses aparelhos acaba usando bem menos do que esperava. Será que é tão difícil manter uma rotina de exercícios em casa? Por que alguns conseguem e outros não?

Para a psicóloga do esporte, Christiane Sonomura, é preciso saber, antes de comprar uma esteira, qual será o objetivo do uso do aparelho e se, realmente, a caminhada ou a corrida são atividades que lhe trarão prazer. "Correr requer força muscular. Tem pessoas que correm um dia e se sentem cansadas e doloridas. Isso faz com que elas desistam do exercício antes mesmo de se adaptar a ele".

Foi o que aconteceu com o contador Ari Santana, de 35 anos. Há cinco, ele comprou um esteira, e, durante todo esse tempo, utilizou-a três ou quatro vezes. Seu objetivo inicial era perder de peso, mas ele acabou abandonando o exercício. "Levei a esteira para a casa da minha sogra. Estava ocupando espaço no meu apartamento", diz. Hoje, ele joga futebol com os amigos toda semana.

O mais recomendado, realmente, é buscar uma atividade que se adapte ao seu ritmo e ao seu gosto. A hidroginástica, por exemplo, pode ser menos "pesada" que uma corrida na esteira. Além disso, a pessoa estará em uma atividade coletiva e em contato com um instrutor que a incentive.

Christiane explica que, de fato, fazer exercícios em casa é mais difícil que na academia, onde você tem a orientação e o incentivo de um profissional e o exemplo de outras pessoas que estão conseguindo resultados com a malhação. Além disso, o ambiente em casa nem sempre é favorável à prática de exercícios. "Enquanto você está na esteira, tem alguém comendo algo perto de você ou dizendo que seu esforço está sendo inútil", diz.

É preciso, também, ter cuidado com as propagandas desses produtos de ginástica. Muitas delas vendem a ideia de que quem tem um corpo perfeito é uma pessoa mais feliz, que tem vários amigos, que namora. "Sabemos que isso não é verdade. Uma esteira em casa não vai dar esse status todo", diz Christiane. Para ela, mais importante do que almejar um corpo perfeito é ter a consciência de que você está incorporando uma atividade física - e saudável - na sua vida.

O segredo para não transformar o aparelho de ginástica em cabide de roupas, segundo Christiane, é saber controlar a ansiedade em relação aos resultados e ter consciência de que, com a ajuda dele, você irá adquirir hábitos mais saudáveis e ter os exercícios físicos como parte de sua rotina. A maneira mais fácil de se afastar das frustrações é fugir de metas absurdas. "Nosso corpo tem uma resposta ao exercício muito mais lenta do que nossa vontade", afirma.

Você pode se exercitar em casa?

A prática correta de exercícios pode reduzir em 30% o risco de enfarte e acidentes vasculares cerebrais e contribuir para o controle de doenças como a hipertensão, o diabetes e a obesidade. Para o coordenador do Setor de Reabilitação Cardiopulmonar do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, Carlos Hossri, praticá-los em casa é uma alternativa totalmente recomendável do posto de vista médico desde que uma avaliação clínica certifique que a pessoa está apta para a atividade.

Cada pessoa tem uma faixa ideal para trabalhar seu condicionamento físico. Para descobrir, por exemplo, a frequência cardíaca máxima durante uma atividade física, é preciso fazer um teste ergométrico e, depois, seguir as orientações de um cardiologista. "Cada pessoa tem uma resposta cardíaca diferente. O teste avalia o paciente antes, durante e depois da atividade", diz Hossri.

Por isso, utilizar a conhecida fórmula para o cálculo dos batimentos máximos (220 menos a idade) não é o mais indicado. "Ela serve como um parâmetro geral, até dentro da ergometria, mas não é fixa", afirma o cardiologista.

Segundo Hossri, em um teste ergométrico podem ser identificadas doenças como arritmias cardíacas, obstruções coronárias (isquemia miocárdica silenciosa) e deficiências na elevação da frequência cardíaca. "Tem pessoas que têm um defeito no marcapasso natural do coração, que não consegue elevar a frequência cardíaca, mesmo praticando esporte. Isso pode ser confundido com bom condicionamento físico, mas não é", afirma.

Para ter uma esteira em casa...


:: Tenha em mente que você irá introduzir uma rotina de exercícios em sua vida.


:: Correr ou caminhar realmente é seu exercício preferido?


:: Não estabeleça metas absurdas (perder cinco quilos em uma semana, por exemplo). Isso é um caminho para a frustração.


:: Controle a ansiedade com relação aos resultados. Nosso corpo não tem a mesma velocidade que nossos desejos.


:: Avalie se realmente você tem espaço para ter o aparelho em sua casa.


:: Tente criar uma ambiente favorável para a prática de exercícios. Não adianta nada ter uma torcida (família) contra a sua iniciativa.


:: Antes de começar a praticar qualquer exercício, procure um médico para fazer uma avaliação. O teste ergométrico é o mais indicado.

por DANILO CASALETTI

21 de jun. de 2009

Relação entre pobreza e sobrepeso

Até recentemente se acreditava que nos países em desenvolvimento, como o Brasil, obesidade seria característica típica da elite socioeconômica. Estudos refutam essa interpretação



Estudos sobre a relação entre nível socioeconômico dos indivíduos e presença de obesidade são bastante comuns nos países desenvolvidos. A revisão sistemática dessas pesquisas indica que, nesses países, a obesidade tende a ser mais freqüente nos estratos da população com menor renda, menor escolaridade e com ocupações de menor prestígio social, sendo essa tendência particularmente evidente entre mulheres adultas. Há até pouco tempo, admitia-se situação oposta nos países em desenvolvimento, onde a obesidade seria característica da elite socioeconômica. Estudos mais recentes demonstram, no entanto, grande heterogeneidade na relação entre nível socioeconômico e obesidade no mundo em desenvolvimento e evidências sugestivas de “migração” do sobrepeso do ápice para a base da pirâmide social nos países cujo Produto Interno Bruto (PIB) ultrapassa US$ 2.500 per capita.



Outra maneira de analisar a relação entre nível socioeconômico e obesidade é estudar a evolução da enfermidade ao longo do tempo em um mesmo país ou região, o que fazemos a seguir para o Brasil no período entre 1975 e 2003, empregando como marcador da condição social o nível de escolaridade alcançado pelos indivíduos.



Tendência ao Aumento de Peso



A tendência secular da obesidade no conjunto da população adulta brasileira, e em estratos dessa população constituídos com base na escolaridade alcançada pelos indivíduos, pode ser conhecida a partir de três inquéritos domiciliares probabilísticos realizados no país em 1975, 1989 e 2003 (Figura 1).



No sexo masculino, a prevalência global da obesidade aumenta uniforme e intensamente ao longo dos inquéritos: 89% no primeiro período de 14 anos (1975-1989) e 73% no segundo período de também 14 anos (1989-2003). No sexo feminino, a obesidade também apresenta importante crescimento no primeiro período (aumento relativo de 68%), mas quase não se altera no segundo (aumento relativo de somente 5%). Como resultado, ao longo dos três inquéritos o excesso de obesidade na população feminina, em relação à masculina, declina de quase três vezes (1975) para aproximadamente uma vez e meia (2003).



Entre homens, observa-se aumento generalizado na prevalência da obesidade em todos os estratos de escolaridade ao longo dos dois períodos analisados. No caso das mulheres o aumento generalizado da obesidade ocorre apenas no primeiro período. No segundo período, a obesidade ainda tende a aumentar entre mulheres do quarto inferior de escolaridade (essencialmente mulheres sem escolaridade), porém se estabiliza ou mesmo declina nos demais estratos.



A comparação da variação proporcional na prevalência da obesidade nos períodos 1975-1989 e 1989-2003 está registrada na figura 2. Nesta etapa da análise foram controladas variações em fatores que poderiam distorcer o efeito da escolaridade sobre a obesidade, como idade, região e área de residência.



Nos dois períodos, e em ambos os sexos, observa-se que a velocidade de expansão da obesidade é maior nos estratos de menor escolaridade. No segundo período há nítida relação linear inversa entre porcentagem de expansão da obesidade e escolaridade nos dois gêneros, ainda que em patamares distintos. A relação entre crescimento da obesidade e posição relativa na escala de escolaridade passa a apresentar um claro efeito “dose-resposta” no segundo período, efeito não observado no primeiro. No caso da população feminina é possível notar variação negativa de 1989-2003. Nesse intervalo, o único estrato de mulheres a apresentar variação positiva mais significativa na freqüência de obesidade é o de menor escolaridade, com variação de 10,4%.



A Relação com o Nível Socioeconômico



As razões apontadas por diferentes autores para a relação direta entre nível socioeconômico e obesidade nos países em desenvolvimento são relativamente simples e se referem à proteção natural contra a enfermidade que caracterizaria os estratos sociais menos favorecidos com escassa disponibilidade de alimentos e perfil de intensa atividade física. A relação inversa, comumente observada nos países desenvolvidos, aparenta ser mais complexa e envolveria maior conhecimento a respeito das conseqüências da obesidade e das formas para preveni-la que teriam os estratos sociais mais privilegiados e, ainda, o fato de serem maiores as pressões sociais e familiares sobre esses estratos para manter uma imagem corporal delgada, consistente com os valores estéticos atualmente dominantes nas sociedades de países desenvolvidos.



Desvantagens relacionadas ao ambiente, incluindo menor disponibilidade de oferta de alimentos de menor densidade energética, como frutas frescas, verduras e hortaliças, e acesso limitado a espaços urbanos mais propícios para a prática de atividades físicas no lazer poderiam igualmente justificar o maior risco de obesidade encontrado nos estratos sociais menos privilegiados das sociedades desenvolvidas. Aventa-se ainda como possível explicação para a relação inversa entre nível socioeconômico e obesidade a hipótese da mobilidade social, segundo a qual indivíduos obesos, particularmente adolescentes do sexo feminino, teriam mais dificuldades em prosseguir seus estudos e galgar níveis superiores de escolaridade.



Estudos sobre os mecanismos subjacentes à relação inversa entre nível socioeconômico e obesidade em países em desenvolvimento ainda não estão disponíveis na literatura e, desde já, são relevantes prioridades para a pesquisa populacional. De qualquer maneira, independentemente das razões que vêm determinando que os estratos sociais menos favorecidos da população brasileira percam sua proteção contra a obesidade (homens) ou sofram intensificação de sua maior exposição à doença (mulheres), a constatação desses fatos acarreta implicações importantes que serão a seguir comentadas.



Implicações da Migração Social



A primeira implicação é que, mantida a tendência de concentração da obesidade nos estratos sociais menos favorecidos, serão enormes as repercussões futuras sobre a distribuição social da carga total de doenças no Brasil. Além de a obesidade ser em si uma enfermidade, estudos prospectivos têm demonstrado que sua ocorrência aumenta de forma significativa a morbimortalidade por diversas doenças não transmissíveis, incluindo em particular diabetes, hpertensão arterial, doença coronariana isquêmica, doença da vesícula biliar, complicações do aparelho locomotor e cânceres de cólon, mama, endométrio e próstata.



Tendo em conta a inevitável ascensão da exposição a essas enfermidades, decorrente do simples envelhecimento da população, e a observada diminuição em nosso meio da incidência da maioria das doenças infecciosas e carenciais, é razoável considerar que a obesidade poderá brevemente se constituir, possivelmente ao lado do tabagismo, em um dos fatores singulares mais importantes para a geração de desigualdades sociais em saúde no Brasil.



A segunda implicação é que a tendência de evolução da obesidade no Brasil mais e mais dependerá da evolução da enfermidade nos estratos sociais menos favorecidos da população, motivo pelo qual esses estratos devem merecer maior atenção das políticas públicas e programas destinados à prevenção e controle da enfermidade.



A terceira implicação diz respeito à importância de investigar os mecanismos principais que têm determinado a progressão acelerada da obesidade nos estratos menos favorecidos da população brasileira. Um melhor conhecimento desses mecanismos certamente contribuirá para aumentar a efetividade das políticas e programas de controle à obesidade em nosso país.



CONCEITOS-CHAVE

- Os resultados deste estudo confirmam a hipótese de “migração” da obesidade do ápice para a base da pirâmide social nos países em desenvolvimento.

- Mantida essa tendência, a obesidade poderá brevemente constituir, ao lado do tabagismo, um dos fatores mais importantes para a geração de desigualdades sociais em saúde no Brasil.

- Com a evolução da obesidade no Brasil nos estratos sociais menos favorecidos da população, eles devem merecer maior atenção das políticas públicas e programas destinados à prevenção e controle da enfermidade.

PESO AUMENTA COM BAIXA ESCOLARIDADE



Validade dos resultados



Alguns fatores falam a favor da validade interna dos resultados aqui apresentados:



1) o caráter probabilístico e as semelhanças quanto ao processo de amostragem empregado pelos três inquéritos;



2) o diagnóstico da obesidade feito a partir do exame antropométrico dos indivíduos (e não de informações recordadas, como ocorre com alguma freqüência em estudos sobre tendência secular da obesidade);



3) a confiabilidade que tradicionalmente caracteriza as informações sobre o nível de escolaridade dos indivíduos;



4) o controle de variações temporais em variáveis que poderiam influenciar a evolução da ocorrência da obesidade nos diferentes estratos de escolaridade (idade, região e área de residência).



Os resultados deste estudo confirmam, em essência, a hipótese de “migração” da obesidade do ápice para a base da pirâmide social nos países em desenvolvimento que alcançaram um mínimo de crescimento econômico.



METODOLOGIA DO ESTUDO



Os três inquéritos domiciliares analisados neste estudo são o Estudo Nacional sobre Despesa Familiar (Endef), realizado de agosto de 1974 a agosto de 1975, a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), de junho a setembro de 1989, e a Pesquisa Orçamento Familiar (POF), de julho de 2002 a julho de 2003, todos executados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Procedimentos similares foram empregados nos três inquéritos para a constituição das amostras de domicílios representativas do país, envolvendo estratificação socioeconômica prévia dos setores censitários de cada região, sorteio sistemático de setores censitários e sorteio sistemático de unidades domiciliares dentro de cada setor. O total de domicílios sorteados em 1974/75, 1989 e 2002/03 foi de, respectivamente, 53.311, 14.455 e 46.611, excluídos aqueles da área rural da região Norte, estudados apenas em 2002/03. O presente estudo se restringe à amostra de adultos com idade igual ou superior a 20 anos, excluídas as gestantes, 124.274 em 1974/75, 32.651 em 1989 e 106.809 em 2002/03.



Nos três inquéritos os procedimentos para coleta dos dados analisados neste estudo foram similares. Equipes treinadas tomaram medidas de peso usando balanças portáteis calibradas, com os indivíduos estudados descalços e vestidos com roupas leves. A altura foi medida com fitas inextensíveis com os indivíduos descalços e com a cabeça corretamente posicionada. A idade foi calculada com base na certidão de nascimento ou documento equivalente. Homens e mulheres foram classificados como obesos quando seu Índice de Massa Corporal (IMC, calculado pelo peso em kg dividido pela altura em metros ao quadrado) era igual ou maior que 30 kg/m2.



A escolaridade foi classificada segundo quartos crescentes de anos de estudo em cada inquérito, ou seja, em cada pesquisa os indivíduos foram agrupados em quatro grupos de tamanho semelhante, o primeiro reunindo os 25% da população com menos anos de estudo, o segundo reunindo os seguintes 25%, o terceiro reunindo os seguintes 25% e o quarto reunindo os 25% da população com mais anos de estudo. Outras variáveis levadas em conta neste estudo foram: faixa etária (20-24, 25-34, 35-44, 45-54, 55-64 e 65 ou mais anos), macrorregião de residência (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul ou Centro-Oeste) e situação do domicílio (urbana ou rural).



A proporção de obesos foi calculada, em cada inquérito, para cada um dos estratos de escolaridade considerados neste estudo. A seguir, os bancos de dados dos três inquéritos foram compatibilizados e combinados de modo a obter um banco reunindo as amostras dos inquéritos realizados em 1974/75 e 1989, e outro reunindo as amostras dos inquéritos realizados em 1989 e 1997, acrescendo-se nos dois bancos criados uma variável “dummy” (0 ou 1) correspondente ao ano de realização do inquérito. A partir desses dois arquivos, foram então calculadas, para cada estrato de escolaridade, razões de prevalência (RP) relativas a mudanças na freqüência de indivíduos obesos entre 1974/75 e 1989 e entre 1989 e 2002/03.



As razões de prevalência já consideram o efeito sobre a freqüência da obesidade de eventuais variações entre os inquéritos quanto à distribuição de variáveis que podem influenciar a proporção de obesos como faixa etária, região e área de residência. O percentual de variação no período foi calculado como o logaritmo da RP ajustada. Neste caso a proporção de variação é bidirecional e pode ser lida em qualquer sentido. Todas as análises deste estudo levam em conta ponderações decorrentes da diferente probabilidade de seleção dos domicílios estudados em cada inquérito e a influência dos desenhos amostrais no cálculo das estimativas de variância.



por Wolney Lisboa Conde e Carlos Augusto Monteiro

20 de jun. de 2009

Conheça as terapias de combate a obesidade

À medida que os mecanismos que dão origem à obesidade se tornam mais claros também ficam mais evidentes os motivos pelos quais a perda da gordura corporal e a manutenção dessa perda somente por mudanças comportamentais podem ser difíceis para muitas pessoas. As terapias são apenas modestamente efetivas, e o desenvolvimento de novos medicamentos seguros para uso prolongado tem sido difícil porque os sistemas de regulação energética estão entrelaçados com outros processos vitais no corpo e no cérebro, criando risco de efeitos colaterais sérios. As abordagens terapêuticas atualmente em desenvolvimento tentam escolher como alvos mais precisos as moléculas e os mecanismos que controlam a quantidade de energia que o corpo assimila na forma de alimento ou a quantidade que ele armazena e queima.



TERAPIAS EXISTENTES



Sibutramina


- Eleva a disponibilidade de serotonina e noradrenalina, substâncias cerebrais que afetam o apetite, bem como o humor e outras funções

Rimonabant


- Suprime a atividade dos receptores CB1, que estimulam o apetite e estão envolvidos no processamento celular da gordura. (Não aprovado nos EUA)

Cirurgia Bariátrica


- Reduz e/ou faz um desvio da bolsa gástrica e parte do intestino para reduzir a quantidade de alimento assimilado e digerido. Reduz o apetite por alterar as respostas hormonais do intestino ao alimento

Orlistat


- Bloqueia a absorção de gordura no intestino e diminui a ingestão de calorias


AS NOVAS ABORDAGENS



Em relação ao apetite


- Bloquear a atividade dos neuropeptídios estimuladores do apetite mch ou npy, ou da grelina;


- Estimular a atividade supressora do apetite dos receptores MC4 ou subtipos de receptor da serotonina;


- Inibir as proteínas neurais SOCS3 e PTP1B para neutralizar a resistência à leptina.



Em relação ao armazenaneto de energia


- Reduzir a ingestão de energia por células adiposas e a fabricação de triglicérides pela inibição da enzima 11bHSD1



Em relação ao uso da energia armazenada


- Aumentar a velocidade de liberação de triglicérides no sangue como combustível , estimulando os receptores PPAR e beta3-adrenérgicos nos tecidos;


- Aumentar a proteína FGF21, que faz as células hepáticas queimarem gordura.



por Jeffrey S. Flier e Eleftheria Maratos-Flier

19 de jun. de 2009

Uso de laptop é ligado a infertilidade masculina

Pode até ser que a ideia de ser pai não passe pela cabeça da maioria dos homens jovens, mas o seu comportamento pode influenciar na possibilidade de se tornarem pais mais frente na vida. O uso excessivo de laptops é considerado um dos comportamentos mais comprometedores, de acordo com Suzanne Kavic, da Universidade Loyola, de Chicago, Estados Unidos.

Segundo a professora do departamento de obstetrícia e ginecologia da Universidade, o uso de laptops, que se torna cada vez mais comum entre jovens, é perigoso para a fertilidade masculina. “O calor gerado por laptops pode dificultar a produção e desenvolvimento do esperma, fazendo com que o homem tenha dificuldade reprodutiva no futuro”, diz.

40% dos problemas de fertilidade são atribuídos aos homens. Outras causas de infertilidade masculina incluem infecções sexualmente transmissíveis, distúrbios hormonais, disfunção erétil e varicocela, condição que aumenta a temperatura dos testículos, matando ou deteriorando o esperma. “Medicamentos para depressão, pressão sanguínea e de algumas condições cardíacas podem diminuir a libido ou causar impotência”, afirma Kavic. Ela também faz um alerta: ”Os homens devem conversar com seus médicos para ver se a medicação é mesmo necessária, ou se é possível trocar para algum outro medicamento, com menos efeitos colaterais”.

Como proteger a fertilidade

Suzanne Kavic recomenda que laptops sejam colocados em mesas, para evitar o contato imediato com o corpo e prevenir os danos ao esperma. Confira outras dicas para manter a fertilidade:

:: Evite o uso de banheiras

:: Use cuecas samba-canção

:: Evitar a ejaculação frequente – a recomendação é que se faça sexo apenas durante os dias de ovulação

:: Praticar exercícios físicos moderadamente

:: Evitar exercícios que possam causar calor ou trauma na região genital

:: Ter uma alimentação saudável

:: Tomar multivitamínicos

:: Dormir oito horas por noite

:: Restringir o consumo de café – no máximo duas xícaras por dia, e tomar bastante água

:: Evitar fumar

:: Evitar o uso de drogas e álcool

:: Minimizar a exposição a toxinas

:: Reduzir o stress

Além dessas dicas, Kavic também afirma que a visita anual a um médico é importante para se manter saudável. “Um exame físico anual combinado com um estilo de vida saudável facilitam para quando você quiser ser pai”, diz.

Campeão do atletismo ensina como se preparar para os treinos

Ele é campeão da maratona de São Paulo e integrante da seleção brasileira de campeonatos mundiais de meia maratona. Um profissional do atletismo que bate recorde quando o assunto é treino. São 12 sessões por semana, divididas em grupos de uma ou três horas de atividade. No domingo, soma 40 minutos. "Eu adoro treinar e penso nisso todos os dias. Não adianta dormir mal, não se alimentar, e ainda querer enfrentar um dia puxado de exercícios", afirma o atleta José Telles.

Para manter a saúde e ficar em forma, você não precisa de um ritmo tão pesado quanto o do maratonista. Mas conhecer as dicas dele, sem dúvida, ajuda a obter mais resultados com a prática de exercícios físicos. Confira!

Em um dia comum de treino, que horas você acorda?


Levanto cedo para enfrentar o dia com ainda mais disposição. No máximo 7 horas da manhã, já estou de pé.

Quantas horas você precisa dormir para se sentir bem?


Cada um precisa estar atento com suas necessidades. Como meu sono é bem regulado, durmo apenas 8 horas e fico disposto o resto do dia, mesmo com os treinamentos.

Quantas vezes por semana você treina?


Faço 12 sessões de treinos por semana. Divido isso de segunda a sábado, treinando um período da manhã e outro à tarde. No domingo, faço uma espécie de aquecimento, com um treino curto de 40 minutos.

O treino muda quando há uma competição chegando?


Quando chego próximo a uma competição, reduzo a quantidade diária de treinos. Isso acontece para que meu corpo descanse e fique mais preparado para o dia da competição.

O calçado e a roupa favorecem o treinamento?


Claro. O calçado errado, por exemplo, pode proporcionar uma lesão séria em algum músculo ou tendão. É sempre importante pensar na roupa e nos acessórios que precisamos utilizar para cada tipo de treino.

Qual a importância do treino diário para você?


O treino é o responsável por cada uma das minhas medalhas. Sem ele eu não chegaria em lugar algum. Mas não devemos esquecer que todo tipo de treinamento precisa respeitar os limites do seu corpo.

Como é sua primeira refeição do dia?


Meu café da manhã se resume basicamente em café com leite, pão, queijo branco e frutas. Faço tudo para manter uma alimentação balanceada. Que colabore com meu bom desempenho durante o treino.

Você toma algum suplemento especial?


Sim, os suplementos servem para colaborar com o meu organismo, já que meu esforço físico é bem grande. Hoje uso suplementos polivitaminicos e também o carboidratos em pó e gel, que colaboram com meu nível energético.

Como seu treino é dividido?


Todo treinamento começa com alongamentos, no meu caso não é diferente. Já o dia-a-dia é um pouco variado. Depende do ponto que estou precisando melhorar. Mas, basicamente, meus treinos são divididos em versões mais curtas de corrida e exercícios e versões longas de corrida.

Você toma algo além de água mineral enquanto treina?


Sim, sempre procuro caprichar na hidratação. Faço isso com muita água mineral e com suplementos que ajudam nessa função, como carboidratos líquidos e em gel.

Existe alguma concentração especial durante o treino?


Nada de muito especial. No meu caso eu procuro concentrar todas as energias na competição que estou focando. Penso sempre no que estou almejando.

Como você faz para não passar dos limites?


Meu treinador me ajuda nessa missão. Mas, no fundo, acredito que todos nós sabemos onde estão nossos limites. Também sabemos que passar deles pode proporcionar grandes problemas.

Dores são comuns depois de um dia de treino intenso?


Sim, depois de treinos um pouco mais fortes as dores são bastante comuns.

E seu almoço, como acontece? É especial? Tem acompanhamento de alguma nutricionista?


Meu almoço é composto de uma base de carboidrato, muitas proteínas e sais minerais. Eu mesmo controlo a quantidade.

Em dias quentes demais, acontece alguma modificação no seu treino?


Não muitas. Procuro me proteger dos raios de sol, capricho na proteção solar e me hidrato mais.

Se por algum motivo, você não treina no horário habitual, você repõe o treino perdido? Como isso funciona?


Eu nunca precisei faltar em um treino. Me dedico inteiramente a minha rotina profissional. Mas, se caso acontecer, precisarei repor sim.

Qual a importância de um bom treinador para você?


O treinador é fundamental em todos os meus treinos. Ele mostra os pontos onde preciso melhorar, me estimula e me ajuda a seguir em frente.

A rotina de treinos atrapalha sua vida pessoal?


Não. Me dedico ao esporte e tenho horários para isso. Por isso posso afirmar que uma rotina de treinos não atrapalha a vida pessoal. É como um trabalho comum. Dá para conciliar facilmente se você tem força de vontade.

Depressão favorece a barriguinha saliente

Organismo produz substâncias inflamatórias que promovem o estoque de gordura visceral

A depressão pode provocar outros males maiores além dos problemas cardiovasculares. É o que identificou um estudo recente realizado pela universidade de Rush, em Chicago (EUA) . O trabalho confirmou que além de aumentar as chances de transtorno psicológico e riscos de infarto, a depressão influencia também na quantidade de gordura do abdômen.

Participantes do projeto" Women in the South Side Health" (WISH), que tem como foco as alterações do organismo feminino no processo da menopausa, se submeteram ao estudo.

Pesquisadores da universidade explicam que o organismo de pessoas deprimidas produz componentes inflamatórios que facilitam o acúmulo de gordura visceral, aumentando assim a quantidade que fica localizada no abdômen. "A depressão também faz subir os níveis do hormônio cortisol, descacelerando o metabolismo e aumentando os picos de insulina no sangue . Ou seja: muito mais gordura estocada", explica Lynda Powell, que conduziu a pesquisa.

A constatação da análise foi que a depressão acaba criando um ciclo: ela favorece a barriga saliente, que acaba piorando o quadro depressivo, dificultando o processo para deixar o transtorno de lado.

18 de jun. de 2009

A inteligência emocional é um indicador de saúde cerebral melhor que o QI?

Introdução

Sempre que os funcionários tentam progredir no mundo corporativo, eles geralmente escutam o velho ditado "não é o que você sabe, mas quem você conhece". Consequentemente, esses funcionários são incentivados a participar de happy hours com o pessoal do escritório, evitar almoçar sozinho na mesa e a conversar com o chefe se estiverem sozinhos com ele no elevador. Mesmo os funcionários tecnicamente mais proficientes provavelmente não receberão aquela promoção se não conseguirem trabalhar bem em pequenos grupos nem comandar uma reunião com os colegas. Aqueles que são promovidos provavelmente possuem inteligência emocional, uma medida de como uma pessoa consegue controlar suas próprias emoções, assim como as emoções de outras pessoas. A inteligência emocional inclui características como empatia e controle emocional.
O termo "inteligência emocional" ficou famoso quando foi título do livro de Daniel Goleman, de 1995, com um brilhante subtítulo que prometia explicar "por que [a inteligência emocional] pode ser mais importante que o QI". Uma pontuação de QI, número formado pela habilidade verbal, matemática, mecânica e de memória, pode parecer o Santo Graal da inteligência, além de continuar sendo um excelente indicador de como uma pessoa se sairá na escola. Entretanto, o livro de Goleman deu exemplos de quão deficiente pode ser o prognóstico de uma pontuação de QI quanto ao poder, eventual sucesso ou felicidade na vida que uma pessoa pode ter. Por isso, Goleman afirmou que você precisa se concentrar na inteligência emocional e na habilidade da pessoa de usar suas emoções para percorrer o mundo. Embora as pontuações de QI contem com a capacidade da pessoa de identificar uma resposta correta, a vida, às vezes, envolve mais do que uma resposta certa, assim como a habilidade de concordar com mais de um tipo de pessoa.

A inteligência emocional continuou sendo um assunto confuso nos anos que seguiram a publicação do livro de Goleman. Por exemplo, os pesquisadores ainda diferem um pouco quanto à definição precisa para inteligência emocional e à forma como pode ser medida (se puder ser medida de alguma forma, alguns pesquisadores seriam rápidos em acrescentá-la). Mas ao mesmo tempo em que os pesquisadores lutam com o significado da inteligência emocional, eles tentam determinar o que ela quer dizer para nosso cérebro. A inteligência emocional poderia ser mais do que um indicador de sucesso futuro? Ela poderia nos dizer sobre a saúde de nosso cérebro? Nesse artigo, veremos o papel que a inteligência emocional pode ter no prognóstico da probabilidade de uma pessoa sofrer depressão, demência e outros transtornos cerebrais.

Inteligência emocional e o cérebro

A pontuação de QI de uma pessoa permaneceu como padrão nos debates sobre inteligência; é o tipo de número que fica em seu registro permanente. Consequentemente, os cientistas tentaram usar esse pequeno número como uma forma de determinar o estado do cérebro. Tome o exemplo da demência, em que a memória falha e a pessoa começa a perder a capacidade de se lembrar de fatos e tarefas simples. Uma redução da função cognitiva, ilustrada por uma pontuação de QI decrescente, foi usada como modo de prognosticar essa doença.

Entretanto, esse método possui algumas falhas, pois as pessoas com QIs muito altos apresentam os sintomas de demência muito mais tarde, e sua pontuação fica acima das normas preditivas nos testes cognitivos. A pontuação dessas pessoas, então, diminui rapidamente à medida que elas começam a apresentar os sintomas, pois a doença já progrediu. Como sua pontuação fica muito acima das normas, elas perdem valiosas oportunidades de intervenção precoce. De modo contrário, as pessoas com QIs mais baixos correm o risco de serem diagnosticadas erroneamente com demência, pois sua pontuação fica abaixo das normas cognitivas [fonte: APA].

Como a demência geralmente inclui um componente emocional, assim como essas falhas de memória, pode ser útil incluir como fator a inteligência emocional de alguém durante o diagnóstico. Mas como a emoção se decompõe no cérebro? Embora muitas partes do cérebro possam estar envolvidas no controle da emoção, o que vale é o que realmente está acontecendo nos hemisférios direito e esquerdo. O lado direito do cérebro recebe as informações sensoriais relacionadas às emoções e as processa. Em seguida, essas informações são enviadas para o lado esquerdo do cérebro, responsável pela linguagem. Esse lado do cérebro nomeia essas emoções. Também são fundamentais ao processo o cerebelo, a amígdala e o corpo caloso, que transfere as informações entre os dois hemisférios. Embora talvez não saibamos tudo a respeito da inteligência emocional, é razoável presumir que um nível baixo dessa inteligência seja conseqüência do mau funcionamento de uma dessas partes do cérebro.

Mas podemos usar esse conhecimento para determinar a saúde do cérebro? Ainda não, já que os cientistas ainda não sabem exatamente o que causa muitos distúrbios cerebrais. Entretanto, a inteligência emocional pode se mostrar mais valiosa em termos de identificação e tratamento dos fatores de risco. Por exemplo, o tabagismo é um fator de risco para muitas doenças cerebrais, mas um estudo realizado por uma universidade de Barcelona descobriu que os alunos com inteligência emocional elevada tinham menos probabilidade de fumar ou de usar maconha [fonte: Universidade Autônoma de Barcelona]. Esses alunos, aparentemente, eram capazes de controlar seu estado emocional de modo que sentiam menos necessidade de usarem produtos à base de tabaco, embora aqueles com inteligência emocional inferior pudessem consumir drogas para compensar um estado emocional deficiente.

De forma semelhante, apesar de uma pessoa com um QI alto geralmente saber os princípios básicos da nutrição, uma pessoa emocionalmente inteligente pode fazer as escolhas de alimentos corretas. Em um estudo, os pesquisadores descobriram que as pessoas com inteligência emocional superior conseguiam fazer melhores escolhas de produtos nas lojas [fonte: Press Journals da Universidade de Chicago]. A capacidade de selecionar produtos mais saudáveis pode proteger a pessoa emocionalmente inteligente contra o fator de risco extremamente perigoso da obesidade.

A inteligência emocional também foi associada ao melhor controle do estresse e à menor angústia psicológica, além de índices mais baixos de depressão [fonte: Austin et al.]. Quando as pessoas não conseguem reconhecer e controlar suas emoções, a probabilidade é maior de se sentirem insatisfeitas com a vida. Uma pessoa descontente parece achar graça das coisas? Embora possa parecer óbvio, as pessoas emocionalmente inteligentes têm redes sociais melhores para auxiliá-las em caso de doença; a socialização também pode ajudar a impedir o início da demência. Como a pessoa emocionalmente inteligente se relaciona com vários tipos de pessoas, ela também pode ter maior propensão a procurar um médico e a seguir suas orientações [fonte: Austin et al].

Dessa forma, existem aparentemente algumas ligações positivas entre a inteligência emocional elevada e a saúde do cérebro, mas o que acontece quando há falta dessa inteligência?

Alexitimia e falta de inteligência emocional

Em 1991, o psicólogo canadense Robert Hare lançou um estudo indicando que os psicopatas podem ter um cérebro diferente do resto da população [fonte: Nichols]. Embora os psicopatas continuem intelectualmente cientes das regras da sociedade, eles não possuem inteligência emocional. O perfil de um psicopata inclui impulsividade, metas grandiosas sem disciplina ou foco para alcançá-las, tendência a se sentir aborrecido, falta de ligações pessoais próximas e, naturalmente, falta de empatia. Quando Hare monitorou as ondas cerebrais de psicopatas enquanto estes examinavam algumas palavras, como aquelas que despertam inúmeras emoções na maioria das pessoas, descobriu que não havia atividade nas partes do cérebro envolvidas na emoção. Hare descreveu esses psicopatas como sendo "emocionalmente daltônicos" à revista Macleans, em 1996 [fonte: Nichols].

O trabalho de Hare parece indicar que os psicopatas possuem funções cerebrais anormais nas áreas relacionadas ao processamento da emoção e da linguagem - o que significa que existe uma base neurológica para alguns crimes abomináveis, ao contrário de certos fatores ambientais, como violência infantil. Se o QI desses psicopatas fosse testado, o resultado provavelmente seria normal, mas é na falta de inteligência emocional que vemos os transtornos na saúde cerebral.

Se uma pessoa está na extremidade baixa do espectro de inteligência emocional, ela pode apresentar uma condição conhecida como alexitimia, que é a incapacidade de compreender ou expressar as emoções. Com o conhecimento que os cientistas têm sobre as emoções no cérebro, eles criaram a teoria de que a alexitimia pode estar relacionada a um mau funcionamento do hemisfério direito ou a uma hiperatividade do hemisfério esquerdo (ficando o hemisfério direito incapaz de compensar) [fonte: Bermond et al.]. Também é possível que o corpo caloso, a parte do cérebro que controla a comunicação entre os lados direito e esquerdo do cérebro, esteja danificado a ponto de bloquear as mensagens relacionadas à emoção [fonte: Becerra et al.].

A alexitimia, às vezes, manifesta-se após a pessoa sofrer uma lesão cerebral, como um trauma brusco. Mas, no fim, o problema pode nos dizer mais sobre o que acontece durante os distúrbios cerebrais sem esse trauma. Por exemplo, a alexitimia foi associada a transtornos alimentares, distúrbios do pânico e distúrbios de estresse pós-traumático [fonte: Becerra et al.]. A condição também pode fornecer pistas sobre distúrbios do espectro do autismo; um assunto comum dos distúrbios do autismo é a falta de ligação emocional, de modo que as pessoas com o distúrbio não conseguem se apegar a detalhes sociais. A atividade reduzida do cerebelo foi associada ao autismo e à doença de Asperger [fonte: Bermond et al.].

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