30 de jul. de 2009

Futebol americano ganha espaço nas praias do Rio

Esporte mais popular dos EUA cresce a cada ano no país. Estado tem campeonato organizado e jogador atrás dos mil touchdowns

Nas praias do Rio, capacetes, ombreiras sapatos especiais são acessórios dispensados. Além disso, as medidas do campo também são diferentes da disputa original. A bola, porém, é a mesma, e, mesmo de longe, não tem como se enganar. Principal esporte dos EUA, o futebol americano tenta conquistar no Brasil a mesma popularidade que tem na terra do Tio Sam.

Disputado no Brasil desde o meio dos anos 80, o futebol americano tem ganhado força no país nos últimos anos. A Associação de Futebol Americano do Brasil organiza dois campeonatos oficiais: no Rio de Janeiro e em Santa Catarina. E é nas praias cariocas que o esporte tem conquistado mais fãs e adeptos. O Carioca Bowl, que acontece desde 2000, reúne 12 equipes do estado, que se enfrentam nas areias de Botafogo, Copacabana e Barra da Tijuca.

Fundado em 2003 por jogadores do extinto Rio Guardians, primeiro time oficial do esporte no país, o Piratas de Copacabana é uma das maiores equipes da competição. Com 60 jogadores no elenco, o grupo tem atletas de todas as classes sociais, alguns descobertos no trabalho social feito na comunidade da Ladeira dos Tabajaras, no mesmo bairro.

Fundador e um dos jogadores mais antigos do grupo, o middle linebacker Rodrigo Tavares acredita que o esporte tem tudo para ganhar força no país.

- O futebol americano tem muita chance de crescer no Brasil. Embora muita gente pense se tratar de um esporte elitista, ele dá acesso a pessoas de todas as classes sociais. E, principalmente, o brasileiro tem muito poder de adaptação. Apesar de ter a mesma filosofia do esporte jogado lá fora, a gente teve de mudar algumas coisas aqui, como os acessórios e algumas regras – afirmou.

Considerado por muitos um esporte violento, o futebol americano disputado nas praias cariocas não deixa de lado o contato físico, característica forte da prática nos EUA. Para Merlin Calazans, wide receiver dos Mamutes, outra equipe da competição, a inteligência é o principal diferencial.

- No Brasil, ainda tem muita discriminação com o esporte, muito preconceito, por causa da violência. Eu mesmo era assim, quando não conhecia. Mas descobri que, apesar da força, é a inteligência que vale. É um dos esportes mais completos que conheço.

Técnico e presidente do Piratas, Carlos Januário, o Lynho, é um dos atletas pioneiros do esporte no Brasil. Ele, inclusive, tem uma meta pessoal, inspirada em um craque de outra modalidade, Romário. Com 999 touchdowns em sua conta, ele espera chegar ao milésimo em breve. Para ele, porém, ainda falta divulgação da prática no país.

- Com certeza, tem muito a crescer. O brasileiro se adapta fácil aos esportes. O que falta é divulgação. O futebol americano tem crescido a custa do boca-a-boca.

Uma das descobertas do Piratas na Ladeira dos Tabajaras, Hernandes de Souza tem o porte de um perfeito jogador de futebol americano dos EUA. Tanto que ganhou dos companheiros o apelido carinhoso de Massa. Ele brinca que o esporte no Brasil só deixa a desejar em um ponto ao original: os altos valores e salários envolvidos.

- Eu até brinco com meus amigos. Quem sabe, daqui a uns anos, eu não converse com meus netos e conte que eu fui um dos pioneiros no Brasil? Não tenho dinheiro, mas tenho histórias. Aqui, por enquanto, é só gastar. Uniformes, remédios, mensalidade na associação... Mas vale a pena – afirmou.

O Botafogo Reptiles é o atual campeão do Carioca Bowl. Na temporada deste ano, os Piratas lideram o grupo A da competição.

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