8 de ago. de 2009

Videogames entram na medicina e tratam de depressão a tetraplegia

Jogos ajudam a treinar o organismo a funcionar corretamente.
Resultados são mais rápidos, e pacientes sentem menos dor.

Após um acidente de carro há 11 anos, o veterinário Michael Rigon, de 32, perdeu todos os movimentos do pescoço para baixo. Mas ele ainda consegue jogar videogame. Não qualquer videogame -- um jogo especial, controlado pelos impulsos elétricos de seu sistema nervoso, que o ajuda a recuperar parte da atividade perdida de seus membros. Ele é um dos muitos pacientes, em diversos países, que estão usando os jogos eletrônicos em tratamentos médicos. O objetivo é ter resultados mais rápidos e menos doloridos.

O game que Rigon joga é parte de um programa chamado “biofeedback”. Nele, eletrodos colocados em partes-chave do organismo o ajudam a entender como o movimento funciona e como recuperá-lo. A mesma técnica é usada em clínicas de psiquiatria para tratar problemas que vão desde dificuldade para parar de fumar até depressão clínica.

Tetraplégico desde os 21 anos, ele já cruzou duas vezes os quase três mil quilômetros que separam Ariquemes, em Rondônia, onde mora, de São Paulo, onde passa por sessões de biofeedback. “Descobri músculos que, para mim, eu tinha perdido”, afirma Rigon.

Com sessões diárias por cerca de um mês, o veterinário conseguiu recuperar parte dos movimentos, por exemplo, do tríceps. Ele, que tinha dificuldade para locomover sua cadeira de rodas e já tinha deixado de dirigir por falta de força nos braços, voltou ao volante após a terapia e hoje até corre de kart, em um modelo adaptado.

A psiquiatra e psicoterapeuta Dirce Perissinotti, uma das pioneiras do biofeedback no país, explica como ele funciona. “O aparelho se conecta ao indivíduo e transmite uma mensagem do corpo, que não temos consciência, para um computador. Ele traduz essa imagem para uma atividade prazerosa – para que o indivíduo possa entender o seu funcionamento interno”. Essa “atividade prazerosa”, na prática, é um joguinho de computador – mas controlado pela mente.

Os eletrodos são colocados em pontos estratégicos do corpo. No caso de pessoas que precisam resolver problemas psicológicos, o aparelho se conecta à cabeça. Em quem quer, como Michael Rigon, recuperar o movimento de um membro, o eletrodo fica no músculo afetado.

Dirce fez uma demonstração de como funciona essa técnica, simulando como seria o tratamento de um paciente com depressão clínica. Nesse caso, a máquina lê a atividade elétrica do cérebro da pessoa. O paciente é, então, convidado a realizar uma atividade – no nosso teste: manter uma música tocando.

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