Há desde esteiras que simulam diferentes tipos de piso a aparelhos utilizados em treinamento militar
Utilizando um só equipamento, Ingrid Kelly Fernandes, 39 anos, insatisfeita com um programa matutino da tevê, pluga o iPod para assistir a videoclipes enquanto refresca-se com um sistema de ventilação no qual ajustou potência e direção. A servidora pública não está em casa, descansando em frente a um novo modelo de home theater ou algo parecido. Ela está em uma academia de ginástica, programando a esteira na qual fará o aquecimento antes do treino de musculação. Atualmente, o segmento de fitness e bem-estar apresenta incontáveis opções de aparelhos modernos, repletos de recursos que buscam, além do aprimoramento na performance atlética, oferecer mais conforto e segurança aos usuários.
Máquinas com tecnologias tão avançadas demandam investimentos pesados e mão de obra qualificada para que o aluno possa extrair o máximo de cada exercício. Uma esteira do modelo citado acima, por exemplo, custa, em média, US$ 20 mil (cerca de R$ 36 mil). O valor alto não é cobrado somente pelas regalias eletrônicas do equipamento. Os clientes das academias correm sobre um eficaz sistema de amortecedores que absorve impactos e protege as articulações. Algumas esteiras trazem ainda opções de programação que simulam pistas de atletismo, caminhos com diferentes graus de inclinação e percursos que mantêm uma faixa de batimentos cardíacos predeterminada pelo instrutor.
“Frequento academias de ginástica há 20 anos e percebo, claramente, a evolução dos equipamentos. Antigamente, o esforço começava antes mesmo do exercício, durante o ajuste dos aparelhos. Depois, tinha a questão da segurança. Nem todos os exercícios eram feitos com o cuidado necessário, porque as máquinas não eram tão evoluídas. Por isso, eu vivia sentindo dores nos músculos e nas articulações”, conta Ingrid. “Outro aspecto que me deixa bastante satisfeita é o trabalho personalizado, porque há programas de computadores instalados nas academias que permitem ajustar os movimentos de acordo com quem está usando o aparelho. Nesse sentido, a tecnologia é muito válida. Esporte tem de ser fonte de prazer, não de sofrimento”, completa.
A atenção personalizada ressaltada por Ingrid é uma aposta das academias de ginástica com a modernização dos aparelhos. Em muitos desses lugares, a ficha de papel com o roteiro de treinamento a ser seguido pelo aluno foi extinta. A informatização permitiu que, por meio de um chip entregue ao aluno, os aparelhos mostrem a carga, a intensidade e a velocidade de cada um dos exercícios. Se a academia tiver filiais em outros estados, o cliente pode usufruir dos benefícios mesmo longe de casa.
Novidades
Parece a hora do recreio, mas repleto de adultos. Em uma sala, cinco pessoas se divertem sobre botas adaptadas com amortecedores especiais. O kangoo jumps(1) é um sucesso absoluto e as aulas costumam ter filas de espera, de acordo com Marco Rodrigo Vieira, gerente do Departamento de Ginástica da Companhia Athlética. Além de fugir dos métodos convencionais de exercícios aeróbicos, o equipamento é bastante eficaz para quem quer perder tempo e reduzir as indesejadas celulites, por exemplo. A promessa dos professores é que o aluno queime até 800 calorias durante os 45 minutos de aula.
Desenvolvido na Suíça, o kangoo jumps é uma excelente alternativa para recuperar atletas com problemas nas articulações ou iniciar um programa de corrida, quando o corpo ainda não está preparado para o contato constante com o solo. As botas especiais absorvem 80% do impacto dos movimentos e auxiliam no fortalecimento de músculos. Outra vantagem é a possibilidade de trabalhar com alunos acima do peso com baixo risco de lesionar os ligamentos. Segundo Vieira, as botas, capazes de sustentar até 120kg, animam até mesmo os mais preguiçosos a se exercitarem.
“Seria arriscado e irresponsável colocar uma pessoa de 120kg para correr na esteira, sem qualquer tipo de preparação. Então, o treinamento com essas botas permite iniciar um fortalecimento muscular e nas articulações para, depois, partir para algo com sequências mais intensas”, explica o gerente. Ele destaca ainda a importância de profissionais bem preparados para orientar os alunos. “Não adianta ter os equipamentos mais modernos do mundo se não houver alguém qualificado para passar instruções aos alunos. Definitivamente, um profissional ajuda a reduzir o risco de lesões e aumenta o rendimento”, pontua.
Para todos os gostos
Não são apenas os aparelhos cheios de botões, com tela de cristal líquido e tecnologia touchscreen, que chamam a atenção dos alunos nas academias. Alguns dos equipamentos, à primeira vista, parecem extremamente simples, mas escondem anos de pesquisas e funções bastante úteis. Um deles, o kinesis, foi criado por pesquisadores italianos e simula movimentos de vários esportes: dos mais tradicionais aos mais radicais. O sistema de roldanas móveis cria a flexibilidade necessária ao conjunto de exercícios cujas combinações, de acordo com os fabricantes, ultrapassam 3 mil opções. O ganho de massa muscular também é eficiente no Kinesis, por causa da tensão no cabo e dos pesos no aparelho.
Outro “queridinho” entre os malhadores de Brasília é um sistema de faixas pendurado no teto, com suportes nas extremidades. O equipamento é utilizado por soldados dos Estados Unidos em treinamentos durante guerras, quando é impossível recorrer a locais bem estruturados. Por meio de exercícios feitos com o apoio das faixas, o aluno consegue trabalhar grupos musculares das costas, pernas, braços, peito e abdome, além de oferecer a possibilidade de fazer ginástica localizada. Na academia A! Body Tech, a novidade chegou há dois meses e também tem aulas lotadas, com lista de espera para novas turmas.
A estudante Erika Fedosseeff Auler, 22 anos, faz ginástica e musculação há três anos. Mesmo sendo de uma geração que conheceu academias já equipadas com aparelhos modernos, a jovem se diz impressionada com a evolução da tecnologia no segmento. Ela garante que consegue notar a diferença nos exercícios realizados nos equipamentos mais novos. “Com certeza, eu trabalho grupos musculares que não conseguia antes por falta de respaldo mecânico. Claro, não posso deixar de citar a questão do conforto, que faz toda a diferença enquanto estou malhando e me estimula a continuar”, diz.
1 - Da academia para as ruas
O uso do Kangoo Jumps não fica restrito apenas às academias. Um grupo de alunos e professores da Companhia Athlética costuma participar de corridas nas ruas de Brasília com o equipamento. Quem quiser ver de perto as botas adaptadas pode ir, no próximo dia 31, à Esplanada dos Ministérios. O grupo vai participar da prova Circuito do Sol, com percursos de até 10km.
Nenhum comentário:
Postar um comentário